Capítulo 23: Depósito

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Narrado por Emily

Somos levadas para os fundos do palácio. Celina ergue o carpete, revelando uma porta secerta no chão. A porta da para uma escada, e ela começa a descer.

-Venham!

Entramos em uma sala subterrânea. O ambiente é escuro, mas logo nos acostumamos. Ao nosso redor, uma sala cheia de objetos bruxos, de todos os tipos.

-Como você sabe da existência desse lugar? – Pergunto

Ela sorri, e indica um livro aberto em uma mesa próxima. Leio a capa: "Plantas venenosas: Receitas, antídotos e muito mais!".

-Só pode estar de brincadeira!

-Valentim parecia gostar bastante desse lugar.

-Ele nunca falou para mim sobre isso – Yara comenta

-Porque será? -Lin rebate – Por acaso seria porque você é uma maluca pisicótica preconceituosa que apoia a caça as bruxas e odeia tudo e todos?

Pela primeira vez, vejo a princesa se retrair, um pouco envergonhada.

-Eu precisava falar com você sobre isso...

Ela endireita a postura e pigarreia.

-Eu te devo desculpas. Por tudo. Eu fui uma idiota, e eu entendo se você não quiser me perdoar, mas...Eu precisava tentar.

Eu e Celina erguemos a sobrancelha em espanto.

-Eu...Bom....Eu... – Celina também pigarreia – Que bom que você entendeu. E fez o mínimo que uma pessoa descente faria depois das coisas horríveis que você falou....

Um breve momento de hesitação

-Eu te perdoo.

A princesa solta o ar que estava segurando, e parece relaxar um pouco.

-Isso é incrível! – Valquíria saltita pela sala, maravilhada com a quantidade de objetos encantados – É tão...Chique! Eu posso tocar?

-Valquíria, por favor, não quebre nada – Ágatha sibila enquanto inspecciona uma caixa – E não esqueça para que estamos aqui!

-Ah, sim, desculpe – Ela junta os cotovelos, tentando não esbarrar em nada – Afinal, como vocês expulsaram Morgo do corpo da Celina?

-Morgo estava controlando seu corpo com base nos sentimentos negativos dela. Quando conseguimos desviar seu foco para algo que fosse mais forte que seu ódio, ela conseguiu expulsá-lo por conta própria. Emily estava em perigo, então ela desviou sua atenção para ajuda-la.

Yara ergue uma sombrancelha.

-Interessante.

-Isso significa -Me viro para Celina, espremendo os olhos -Que você me ama mais do que odeia as outras pessoas?

Suas bochechas adquirirem um tom verde escuro.

-Oi? Eu...Eu não...Digo...

Ela coloca puxa o colarinho com os dedos, suando

-Acho que encontrei algo!

Ágatha puxa uma espécie de vaso de porcelana tampado. Assopra, preenchendo o ar com poeira. Espirro desenfreada. Ao ser aberto, o pote emerge um brilho azul turquesa.

-É perfeito! Agora vamos sair daqui!

-Por favor! –Imploro, espirrando novamente.

Subimos novamente, voltando para os jardins.

-Agora, precisamos encontrar um jeito de tira-lo do corpo de Valentim, para que possamos...

-Vocês estão falando de mim?

Congelamos. Uma a uma, nos viramos devagar.

Valentim está parado. Parece ainda pior do que a ultima vez que o vi. O cabelo loiro está bagunçado, e os olhos sem um pingo de vida. Ele está sentado calmamente em um banco de madeira, e segura uma rosa vermelha. Um de seus dedos foi espetado, e o sangue escorre por suas mãos. Ele não parece se importar.

-Olá, meninas. Sentiram saudade?

A rosa em suas mãos começa a se curvar. Ela murcha, escurece.

E, por último, morre. 

A Ladra de Lumis: Sombras do passadoOnde histórias criam vida. Descubra agora