Narrado por Emily
O palácio mergulhou em uma calma que há tempos não aparecia. Após a reunião, os outros líderes se retiraram e os funcionários foram dispensados mais cedo, deixando o lugar vazio.
Era um início de tarde agradável. A luz do sol inundava os corredores, refletindo os objetos dourados que deixavam tudo com um brilho quase celestial.
Sento-me em um sofá no salão, de frente para a janela, Celina ao meu lado.
-Dourado é de fato a sua cor – Comento, tateando a marca lunar em seu rosto – Valoriza seus olhos.
-Será que ela tipo, brilha no escuro ou algo assim?
-É uma marca, Celina, não um daqueles adesivos que você quis colocar no teto do nosso quarto mês passado!
-Eu ainda vou instalá-los, aguarde! Na verdade, eu nem preciso deles! – Ela agita as mãos, que começam a emitir um forte brilho azul claro – Eu tenho poderes! Eu posso brilhar se eu quiser!
-Bom saber que você está aproveitando isso com taaaaannnta responsabilidade .
Ela ri, depois vira de frente para a janela. Repouso a cabeça em seu ombro.
-Acha que as coisas vão se acalmar agora? Tipo, de uma vez?
-Bom, nunca se sabe o dia de amanhã – Observa – Mas acho que pode resolver as coisas, pelo menos por um tempo.
Ela envolve meus ombros com seu braço, e me aproximo mais um pouco.
-Sabe, é estranho – Ri um pouco - Porque quando nos conhecemos, eu quase cogitei te jogar no rio e sair correndo na floresta...
-Você OQUE?! – Me afasto e dou um tapa de leve no topo de sua cabeça
-MAS HOJE EM DIA – Ela reforça, esfregando o lugar onde bati – Eu fico muito feliz que eu não fiz isso!
-Bom, eu também. Os saltos que eu estava usando naquele dia eram meus favoritos, e eu ia acabar com você se eles ficassem manchados de água lamacenta.
-Bom saber que você gosta tanto de mim.
Ela sorri. Um sorriso largo, daqueles que erguem as maças do rosto e fazem seus olhos se estreitarem. É impossível não sorri também.
-E o Valentim, então – Acrescento – Você pensou em deixa-lo com os ogros aquele dia, não pensou?
-Minha Deusa, SIM! Como ele era insuportável!
-Shhh! –Pressiono o indicador nos lábios, contendo uma risada – Ele pode ouvir! Coitado!
-Coitado agora! Porque antes ele era um...
-SHHHHHH!!
Rimos um pouco no sofá. Ao me acalmar, repouso o queixo em seu ombro.
-Precisava falar com você...
-Céus, o que eu fiz?!
-Acalme-se! Não é nada ruim!
Ela suspira de alívio.
-Bom, nesse caso, vá em frente!
Respiro fundo
-Celina...Você...Gosta de mim?
Seus olhos se arregalam e ela desvia o olhar.
-É-é claro que sim! Digo...Você é minha melhor ami-
-Não estou falando nesse sentido! Você sabe disso!
Ela começa a ficar mais e mais verde escuro.
-Porque eu gosto muito de você.
Se vira rapidamente, o rosto a centímetros do meu
-Mesmo?
Sorrio. E ela ainda pergunta?
-Desde o primeiro dia
Não penso muito depois disso, só faço.
Me inclino em sua direção e colo seus lábios aos meus. Ela parece confusa no início, mas logo retribui o beijo.
Os lábios de Celina são frios e gentis. Seus dedos passam pelas minhas tranças, e ela finalmente fecha os olhos .
Aquilo é como um grande flashback de uma história inteira. É como o dia em que a conheci na floresta. Como nossa primeira dança juntas na festa de Valentim. Como quando a reencontrei no palácio depois da guerra, pensando que havia perdido-a para sempre.
Os segundos parecem horas, mas nunca são o suficiente. É incrível.
Ela é incrível.
-EU SABIA!- Nos separamos rapidamente, assustadas. Val está na porta, apontando frenéticamente para nós -VOCÊ ME DEVE DEZ MOEDAS DE PRATA!
Valentim também surge por detrás da porta, rindo.
-Justo.
-Espera...Vocês...-Viro-me novamente para Celina, o cabelo bagunçado e a boca num tom vivo de verde -Vocês apostaram que isso iria acontecer?! Céus, são mais trambiqueiros que eu!
A bruxa revira os olhos.
Eles riem e se juntam a nós. Quando chega mais perto, vejo que Valentim segura nas mãos uma caixa dourada de madeira.
-Só quero dizer que sempre soube. Desculpa interromper o momento.
-Imagina -Celina ironiza -Não está interrompendo nada!
-Bom, em minha defesa, existem vários quartos no palácio. Se voc~es preferem se pegar no sofá...
-Continue e eu contro sua língua fora.
-EI! -Valquíria brande -A língua não!
-Chega, por favor! -Interrompo -Essa conversa está tomando um rumo estranho!
Eles riem e se sentam no sofá
-E então, onde está Ágatha? – Pergunto
-Ela deixou o palácio pela manhã, logo depois da nossa....Conversa. Ela disse que precisava de um tempo sozinha. Foi para um vilarejo de bruxas no limite de Virdes. Acho que vai passar um tempo por lá.
-Entendo. E, Valentim, O que é isso?
Indico a caixa com a cabeça.
-Sebastian me entregou isso. Disse que estava sobre o poder dele. E que Yara queria que eu a tivesse.
Ele puxa do bolso uma chave, também dourada.
-Queria abrir aqui com vocês. Não sei o que pode ser, mas não parecia ser exatamente boa coisa. Achei que, talvez se estivéssemos juntos, as coisas seriam melhores.
Celina coloca a mão em seu ombro e aperta de leve. Ele sorri, agradecendo o gesto.
-Estaremos aqui para o que for!
Ele assente, e depois coloca a chave no fecho e gira
Com um clique, a caixa destranca.
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Notas da autora:
AEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE BEIJARAM FINALMENTE
Eu tava esperando por esse momento desde que comecei a escrever essa sequência
Espero que tenham gostado amores!
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A Ladra de Lumis: Sombras do passado
Fantasy*É recomendado ler o primeiro livro da saga antes de iniciar este! Uma nova era inicia-se em Lumis. A barreira e Tenébris foi derrubada, e os reinos estão em discórdia. Celina, agora livre, finalmente decide dar mais um passo em direção a suas raíz...