Narrado por Emily
-Val, você precisa ir!
-Mas eu não posso deixar vocês nessa situação! Eu preciso...
-Você precisa ajudar a Celina! Esse era o combinado!
Ouço passos frenéticos pelo outro lado do corredor, onde a discussão acontece.
-Quem esse homem acha que ele é para te difamar desse jeito?!
-Um rei dono do império mais rico de Lumis, talvez...
-Foda-se a posição dele. Você é um rei também!
-Por que nós sempre estamos em pé de guerra com algum rei nessa casa? – Sussurro para Celina, tentando não atrapalhar a discussão do casal na cozinha. Ela apenas escolhe os ombros e volta a colocar roupas na mochila de couro.
-Reis são uma desgraça. Sem ofensas, Valentim! - Ela grita para o corredor.
-Eu não poderia concordar mais – Ele grita de volta, antes de cruzar o corredor e aparecer no nosso quarto – Se eu soubesse disso antes, teria fingido minha morte e fugido para a floresta.
-Talvez ainda de tempo. Nós encenamos seu assassinato, e quando todos acharem que você está morto, você ressurge das cinzas jurando vingança com aqueles que te destruíram e acaba com todo mundo em uma batalha épica ou algo assim.
-Eu posso me esconder aqui na casa de vocês duas. Adorei a decoração.
-Ah, obrigada. Eu fiz tudo sozinha.
-EI! Eu me ofereci para ajudar várias vezes! - A outra rebate
-Você pendurou os quadros de cabeça para baixo!
-Era uma pintura abstrata! Como você espera que eu saiba os lados de uma pintura abstrata?!
- Minha Deusa, as vezes vocês parecem um casal aposentado de tanto que discutem! - Valquíria se junta a nós também. Ela se coloca ao lado de Valentim, que a segura pela cintura.
-Sim. Nós duas somos praticamente casadas. Não é, Celina?
-Com toda certeza. Exigimos presentes de casamento.
O garoto ao meu lado ri.
-Só vocês três para me distraírem desse caos.
-Eu ouvi a conversa de vocês – Celina volta a falar – Val, se você quiser ficar, não há problema. Ágatha pode ir comigo e...
-Não, Valentim tem razão. Eu prometi a minha mãe que iria. Eu te ajudei com a sua mentoria, então tenho que estar lá também. É tipo questão de honra.
-Ah, se é assim...- Ela finalmente termina de empacotar as roupas e fecha a mala sobre a cama.- Valentim, você vai ficar bem aqui?
-Vou ver o que posso fazer- Responde – Mais não se preocupe comigo. Vá com elas, conquiste seus poderes e me conte tudo depois! Com detalhes!
Ele sorri, mas há uma sombra em seu rosto.
-Você não vai fazer o que eles pediram, vai?
O garoto suspira, apoiando a cabeça nos ombros de Valquíria.
-Não está nos meus planos. Vou tentar mostrar a eles que as coisas podem dar certo. Empurrar até onde der e pensar em uma boa estratégia. – Direciona o olhar para mim – Você me ajuda?
-Claro! Vamos destruir ele. Verbalmente. Ou não. O que você preferir.
Eles voltam a rir. Celina coloca a mala nas costas e se dirige a entrada do corredor.
-Estou pronta.
Val afasta Valentim aos poucos e se coloca ao seu lado.
-Está na hora de ir, então. Encontraremos minha mãe na floresta.
Ela assente com a cabeça, e caminhamos juntos até a entrada.
Dou um abraço forte em Celina antes que ela se vá.
-Promete tomar cuidado?
-Sempre. Você sabe o quão cuidadosa eu sou! - Ironiza.
-Se você se meter em algum problema, eu mato você!
-Emily, é só uma iniciação. Não há nada de perigoso nisso!
-Certo.
Valentim também a abraça. Ela sussurra um "Vai dar tudo certo" em seu ombro, e o vejo assentir com a cabeça.
-Leve isso – Diz, entregando-a um walkie talkie azul – Nos ajudou bastante da última vez
-Eu lembro disso! Não há ninguém envenenado agora, pelo menos!
-Vou tentar procurar aqueles arquivos que te prometi assim que puder!
-Obrigada!
Ela nos abraça uma última vez e começa a caminhar em direção a floresta. Conforme se afastam, as duas vão se tornando um ponto luminoso dentre a escuridão. Sinto um frio na barriga, mas ignoro a sensação.
Um aroma peculiar envolve o espaço. Deve ser algo apodrecendo nas árvores.
-Acho melhor entrarmos. Está ficando escuro.
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A Ladra de Lumis: Sombras do passado
Fantasy*É recomendado ler o primeiro livro da saga antes de iniciar este! Uma nova era inicia-se em Lumis. A barreira e Tenébris foi derrubada, e os reinos estão em discórdia. Celina, agora livre, finalmente decide dar mais um passo em direção a suas raíz...