12. Música de amor nunca mais

25 2 0
                                    

"E se o amor for uma infinidade de ilusões que serve de analgésico para alma?"
- François Voltaire

Três meses depois

Pov. Analu
Estávamos razoavelmente bem, eu fiquei com a mente pesada depois da nossa última briga no carro e pedi perdão várias vezes. Ela só resolveu falar comigo depois de duas semanas. Me pediu privacidade e um espaço para pensar bem.

Estamos nos tratando normal, só não estou colada nela como antes, a rotina está bem corrida mas eu confesso que sinto muita saudades dela no meu dia a dia, mas não consigo parar para lhe dar atenção.

Esse foi o motivo da nossa segunda briga, a minha atitude de não querer abrir mão de um tempo da minha rotina para ela, mesmo que ao final de semana.

Dessa vez eu entendia ela, mas não queria parar e dar brecha para que voltássemos a brigar novamente. Eu a amava e não queria que aquilo acontecesse.

Letícia:E oque você quer fazer?- me perguntou extremamente chateada comigo, encolhi os ombros ao me encostar no carro.

Analu:Eu não sei. Só não quero machucá-la mais. Tenho medo de perder ela!- abracei meu próprio corpo e ela me olhou com raiva.

Leticia:Porra, Analu. Assim não dá!- falou cruzando os braços.- Escutei Pedro brigando com Meliah por conta de você e mesmo ela tendo que te aguentar toda confusa ainda sim te defendeu mesmo ele estando certo!- soltava enquanto eu lhe encarava confusa.

Analu:O problema não é esse...

Letícia:É esse sim!- me fez ficar calada.- Olha a garota maravilhosa que você tem extremamente apaixonada por você. Ela é total disposta a abrir mão de tudo ou fazer de tudo por você mas você é totalmente o oposto... Por mais que você queira compensar demonstrando generosidade, não consegue porque está presa nas suas atitudes egoistas para uma pessoa só!- bateu no meu ombro.

Analu:Não sou egoista!- reclamei e ela me fuzilou com os olhos.

Leticia:E orgulhosa também. Caramba... Você tem atitudes de uma pessoa solteira. Entenda, você mesma escolheu se comprometer a um relacionamento aonde no momento só uma pessoa está demonstrando afeto. Deixa de ser idiota!- quase me socou o rosto.

Analu:Eu não consigo demonstrar. Não consigo mostrar a ela...- suspirei firme.

Letícia:Então você tem que tomar uma decisão para o bem de vocês duas... Não quero ter que odiar você por tê-la machucado a si mesma e a uma garota extremamente apaixonada que também é minha amiga. Não seja infeliz a esse ponto!- falou ao puxar as mangas do seu casaco.- Eu não quero nenhuma das duas mais machucadas do que estão. Mas lembre-se que as vezes temos que deixar ir oque não queremos machucar!- apertou meu ombro e saiu andando.

Passei alguns minutos trancada dentro do carro e chorando. Acabei cancelando tudo e ligando o telefone.

Analu:Posso te buscar?... Eu cancelei tudo para hoje. Podemos ficar juntas?... Adoro você!- falou enquanto desligava e dirigia até sua casa.

Pov.Meliah
Encarava um Pedro extremante furioso na entrada da sala ao lado da nossa, só teríamos duas aulas no curso e estaríamos liberados depois.

Meliah:Eu já te falei tudo!- continuava com meus ombros rígidos após defender Analu como pude.

Pedro:Eu sei...- Bufou.- Mas eu só quero que você entenda uma coisa... Pessoas confusas machucam pessoas incríveis. Ela está tirando todo o seu brilho... Não quero ter que perder você!- falou como uma súplica, seus olhos marejados e eu lhe abracei.

Meliah:Não fica assim. Eu sei que vai passar, todo relacionamento tem seus altos e baixos e nos não conseguimos conciliar tudo no começo... Eu prometo que se não melhorar dessas vez eu me afasto pelo nosso bem no geral. Eu só não quero que você chore ou pense que vou me afastar de vocês.- beijei sua cabeça.- A Lu não é assim!

Pedro:Eu sei... Só não quero que você acaba ficando assim!- falou baixo e suspirei escutando calmamente as suas últimas palavras antes de me deixar sozinha na sala.

Ele tinha razão, eu estava mudando... Não sei como ou quando isso tudo começou. Minha cabeça agora estava mais vaga e parece que todas as nossas brigas anteriores acabam dificultando algum afazer na minha rotina.

Eu a amava demais, na intensidade que ela já demonstrou não ter, era isso que eu me machucava... Me questionava todos os dias por eu ter que ser intensa assim!

Analu:Assim que te vi eu reparei até demais em teus olhos, depois desci para o cabelo e senti minha boca secar... Letícia passou meses rindo de mim, toda vez que eu entrava em um ambiente em que você estivesse eu acabava ficando assim, nervosa...- falava enquanto estava abraçava a mim, estávamos deitadas em sua cama, já era noite.

Meliah:Você ficava tão séria que no começo achei que não gostasse da minha presença. Por isso comecei a implicar com você!- falei em um tom risonho mas aquela conversa não me agradava o coração.

Analu:Você estava totalmente errada... Eu só ficava com medo de demonstrar algo que nem eu sabia oque era. Brincava com Letícia de que estava começando a ficar louca e que a qualquer momento ela poderia me enterrar viva!- falou e gargalhamos, beijei seu queixo e ela sorriu.

Meliah:Senti um enorme frio na barriga quando você sorriu largamente para mim na primeira vez que tivemos uma conversa duradoura... Foram meses depois que te conheci na roda dos meus amigos!- confessei e ela beijou meu lábio inferior.- Sua boca é linda... Eu ficava totalmente constrangida no começo quando você me pegava olhando para a mesma, depois comecei a ser cara de pau e acho que você percebeu...

Analu:Eu amava quando te pegava me olhando e você ficava corada, para mim era incrível!- falou animada e sorri abraçando seu corpo.

Meliah:Eu me imaginei tantas vezes em meus sonhos, assim, contigo!- falei baixo e beijei seu pescoço, sentindo ela me apertar contra seu corpo.- Mais um pouco e eu atravesso você e a cama!- brinquei e ela gargalhou.

Analu:Não seria de todo modo mal. Iria adorar ter você comigo!

Meliah:Você já me tem!- toquei em sua mão que acariciava meu rosto e senti que seu suspiro rápido foi para segurar o choro.

Não querendo continuar naquele clima ou que ela fosse para outro tipo de assunto, fingi dormir em seu peito e ela me abraçou mais forte.

Não agora, não seria agora...

Continua...

O destino Onde histórias criam vida. Descubra agora