Estranheza?

1 0 0
                                    

Estranhamento.
Talvez seja a palavra que defina a minha vida no momento.
Andar onde já andei e estar aonde antes estive agora soa diferente e estranho.
É como se já estivesse em constante anestesia sem sentir nada.
Um cadáver quase, dizem que se você nao chorar por alguém você não realmente gostou da pessoa.
Eu não sei explicar... A ausência das lágrimas.
A ausência de empatia.
Talvez...só talvez...eu tenha amado até um certo ponto.
E depois fui deixando de mão.
A questão não foi a rotina, eu me acostumo a rotinas... Na verdade adoro rotinas.
Provavelmente foi de tanto carregar insatisfações, eu sou hipócrita confessa.
Mas a cada minuto que estava com você me perdia um pouco mais de mim, a cada momento em que por mais que não quisesse fazia algo ia perdendo tudo que me faz humana.
Você se mostrou adepta a mudança quando meu coração já havia cortado relações com você milhares e milhares de vezes de tantos machucados...e sinceramente...eu não senti nada.
Quando você tentou...eu só queria ir embora, você não queria um amor e sim uma mãe. Eu não iria te ensinar o abc, nunca foi do meu feitio. Nem mesmo no auge dos meus 10, nunca fui professora. Nunca gostei do lugar onde me colocou.
Eu já não falava igual, não me sentia igual, mas você precisava de alguém que não desistisse de você, como num filme adolescente.
Eu não tinha condições de fazer nenhum outro sacrifício.
Você não gostava dos meus gostos, e tudo bem.
Mas eu mudei o meu jeito por você, pra me adaptar a você esperando que fosse acontecer de igual pra igual.
Nunca foi.
Nunca chegou.
Você me cobrou afeições impossíveis.
Você viu enxergava seu pai em mim e eu minha mãe em você. Talvez por isso tenhamos durado tanto tempo. Pelo amor tóxico que ambas sentem pelos reflexos dos próprios que machucaram.
A diferença é que eu não sou seu pai. Nem ninguém da sua família.
Eu não sou seu pai porque tomo uma cerveja ou outra, até porque quem levantava a voz pra mim é você caso esteja esquecida.
Assim como eu sempre podia voltar roxa pra casa e você tinha que aparecer perfeita sempre.
Da mesma forma que eu não me sentia nada segura pra ser quem eu sou nem com voce imagine com alguém da sua família.
Eu te dei todos os avisos possíveis, te mostrei o que eu gostava e o que não gostava.
Do mesmo jeito que emocionalmente você não deixava eu me expressar sem soar como se estivesse brigando...eu nunca briguei com você, nunca levantei o tom, nunca te toquei.
Mas aparentemente dizer o que eu sinto é brigar.
Então que a luta comece, porque você me deixou exausta.
Exausta de sempre estar remando.
Exausta de mentir pra mim mesma dizendo que tava tudo bem e que alguma hora você ia me escutar.
Exausta.
Você me cansou mais do que qualquer outra coisa na minha vida.
E me deixou mais frustrada que qualquer coisa na minha vida também.
Nossa relação foi o Titanic e eu estava tocando o violino na proa depois de tentar desviar dessa rota milhões de vezes, enquanto você ignorava tudo afundando ao seu redor.

Porra eu te trai.

Eu fui uma cuzona, um pedaço de merda.

Mas sinceramente falando, eu me senti mal por ter feito. Não mal exatamente por você, mas sim pelo ato covarde de te trair. 

Era pra eu ter terminado no momento em que sua voz foi elevada.

No momento em que eu disse não e você continuou.

No momento em que eu precisava te segurar pra você parar.

Porra.

Eu fui uma  grande cuzona, mas eu nunca deixei de tentar fazer você entender que tava me machucando. 

Mas como sempre, meus sentimentos não importam...porque eu sou insensível, e talvez eu realmente seja. Mas eu mesmo sendo uma grande cuzona insensível tenho um limite do que se pode ser feito comigo. 

Você queria que eu estivesse contigo o tempo todo, mas nunca realmente esteve comigo.

Você não esteve comigo quando eu tive que me mudar porque minha mãe quase me expulsou de casa.

Você não esteve comigo quando eu falei ao meu padrasto, nem ao meu pai.

Nem quando eu chorava toda noite querendo a morte porque eu era uma abominação.  

Palavras aleatórias de uma mente pulsante aleatória(0-20)Onde histórias criam vida. Descubra agora