Hedonista? Talvez

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Sim, busco meu bem querer.

Busco ao meu bel prazer, prazeres que se multiplicam e entrelaçam entre si.

Ah, a arte de se tornar uma egoísta completa.

Egoísmo este, que se propaga a cada célula minha, afinal lá no fundo é o que sempre fui.

Guiada por um ego antes inexistente, mas que agora sinceramente espero que me consuma.

Porque sinceramente venhamos e convenhamos, nenhum ser humano está completo sem um pouco de egoísmo.

A falta de ambição para consigo mesmo que pode muitas vezes ser confundida com compaixão, nada mais é que uma forma de enaltecer algo que fica lá no fundo mais escondido do que se imagina.

A maior parte das pessoas tem a necessidade de satisfazer necessidades o tempo inteiro, então o que seria melhor do que a necessidade de satisfazer o próximo.

Isso também faz parte do egoísmo humano, como pessoas que doam dinheiro sem saber de fato pra onde esse dinheiro está indo. Nunca foi pela boa ação do exemplo, e sim pela satisfação de supostamente estar ajudando alguém que precisa mais do que você daquilo.

Muita gente doa coisas, dinheiro, e até mesmo sangue pra satisfazer o ego. Não estou afirmando que não existem pessoas caridosas, mas sim que este número é intimamente menor dentro da realidade prática da vida.

E porque seria eu diferente destes? Em verdade, a maior parte dos filósofos que tanto se destacaram da multidão são mais parecidos com as próprias do que gostam de admitir. A diferença é o tempo, eles pertencem a multidões de épocas mais avançadas que as próprias, mas ainda assim multidões.

Então, porque eu? Ser humana que mal completei o meu próprio cérebro tenho que ser um destaque? Não seja egoísta, dívida suas coisas, seja estudiosa, seja isso, seja aquilo...tudo isso e mais um pouco que também pertence a uma outra multidão.

Essa comarca espalhada pelo mundo que prega o individualismo, é mentirosa. No fundo, todos nós somos parte de multidões que tem as mesmas características profissionais ou pessoais que nós, e é isso que o governo deseja.

Controlar os bois, guiar o rebanho.

Pra se tornar individual nesse mundo, é imprescindível que se torne um completo egoísta. Fazer com que a vontade do mundo inteiro se torne a sua, a bondade e a compaixão nunca foram forças primordiais pra isso, o melhor exemplo disso é a igreja.

Prega o amor 300 anos depois de muitas pessoas mortas pelo fogo, mortas por existirem, mortas por absolutamente qualquer característica individual que não fossem homens da própria igreja.

O egoísmo da igreja fez com que ela já comandasse o "centro" da terra um dia.

"Pra ter uma vida boa você tem que estudar e trabalhar", isso é verdade. Mas pra de fato conseguir ter uma vida melhor é necessário ser egoísta o suficiente pra se priorizar, gostaria de evidenciar a palavra priorizar porque não estou dizendo aqui em nenhum, e repito em absolutamente nenhum momento que um egoísta engana ou deturpa para ganhar méritos ou coisas que não são suas.

Mas sim comemora os próprios triunfos com honrarias maiores por ter sido seu. Um egoísta não se compadece, ele escolhe ajudar ou não. Uma pessoa egoísta, mas de fato egoísta e não simplesmente enganadora normalmente leva uma vida de privilégios.

Por estar tão distante do outro ao ponto de se melhorar porque como egoísta cada pedaço de conhecimento deve ser seu. Se os outros possuem ou não, isso não lhe cabe. Se você tem é o suficiente.

Já que a vida é um processo de rasgar e remendar, porque não fazer isso com mais apreço por si próprio?

De que adianta se rasgar tanto em tantos pedaços diferentes que serão queimados por um sistema falho e degenerado? Só me rasgo, para mim, por mim, entre mim.

Simplesmente, não deixarei que os estereótipos sejam quaisquer estes tenham efeitos sobre mim. Pressões externas? Nada que venha de fora, irá sinceramente me mover agora. Só entra o que por minha escolha, é cabível.

Como uma hedonista, obviamente só me entrará aquilo que é prazeroso. Aquilo que faz minha alma queimar, que faz meu coração balançar, que faz tsunamis serem produzidos em meu âmago.

Como aquele gosto, o gosto do momento da liberdade, o gosto da escolha. Nada faz minha alma estremecer tanto como ser livre, arrebenta meu chão, tira todo o fôlego. As vezes é bom ficar sem ar, e talvez seja de meu interesse ficar tantas e tantas vezes sem ar ao ponto de ficar zonza, sentir tudo girar e rodopiar no ar.

Levar meus problemas pra dançar, como sempre fiz, nunca foi tão divertido. Mas agora, meus problemas podem ser escolhidos, e as vezes eu vou substituir meus problemas por pessoas, afinal esses são sinônimos quase.

A última vez que o fiz não me arrependi e como lá vem o São João, dançar coladinha, puxar cintura de alguém, sentir o calor do licor descer pela garganta e se misturar em futuros lábios que ainda não conheço.

Essa é uma das vantagens do frio, no frio você pode se esquentar de varias formas, e como eu amo estar quente. Além disso, meu coração ama o frio, que após conviver tantas e tantas eras nele agora já está sedado ao mesmo.

Coração frio, mente gelada e corpo quente. A como o frio é gostoso. Caminhar sozinha é bom, e gastar tempo em outros corpos futuramente, mas somente no frio, porque o calor amansa certa ira que existe em mim, certa ânsia, certo rasgo que sempre me consumiu desde quando era muito nova.

Sempre tive essa vontade de morder tudo ao meu redor forte o suficiente pra arrancar pedaços, ser violenta e rasgar absolutamente tudo ao meu redor. Rasgar, Lascar, Triturar e lacerar absolutamente todos ao meu redor, assim como meu pai se intitula, eu sou "filha da ira divina". Essa ira aparentemente é algo de família, meu pai a herdou de minha avó, que herdou de sua mãe e assim por diante.

Esse desejo ardente é basicamente uma fúria avassaladora por tudo aquilo que não é profundo o suficiente, aquilo que não lhe alimenta lhe enfurece a alma, e isso se acumula, até em algum momento estourar ou simplesmente você aprender a lidar com ela. O problema é que, em algum momento você simplesmente estoura, e sai devorando o que estiver ao seu redor, não é uma opção, isso é um impulso inexplicável que eu senti me devorar, que eu vejo meu pai batalhar contra e meu irmão que no começo de sua adolescência já sente com tamanha voracidade.

Não é uma fúria infundada, e sim fúria causada pelo fútil, ódio mortal ao frívolo, algo que chega beirar ao irracional quando se trata disso. Porém, isso é algo que atrapalha o meu ideal hedonista, afinal a maior parte dos prazeres físicos são fúteis e frívolos. É muito complicado balancear a natureza e o ideal, porém o meio termo entre ambos é o egoísmo, o meu egoísmo, não qualquer definição por ai.

Afinal, todas as pessoas tem seus próprios significados para certas palavras, o meu serve majoritariamente para minha experiência somente de preferência, pois se alguém por ai, passou experiências tão próximas assim das minhas...eu te desejo paz. Pois é o que tenho agora e é o melhor que posso desejar a qualquer pessoa.

Mude o significado das coisas, dos gostos, sabores, ares, lugares e caso necessário até mesmo emoções, tudo passa. Desde o rancor latente, até o amor mais profundo. Tudo. Tudo mesmo.

Portanto, viver sendo hedonista, para mim, obviamente está sendo o que me faz bem, procurar prazeres no dia a dia nunca foi tão fácil. Estar em maior contato consigo mesma faz as sensações que antes eram banais graças ao híper-foco nas sensações e situações ruins, agora facilmente tornam-se prazerosas observando bem de perto. Não do jeito insuportável onde absolutamente tudo é um prazer, mas sim em pequenas coisas que observadas bem de perto fazem o gosto de estar viva ser mais complexo.

Viva. É o melhor que pode acontecer, abrace o bom e o ruim da vida com a mesma intensidade, porque tudo que há é vida.

Palavras aleatórias de uma mente pulsante aleatória(0-20)Onde histórias criam vida. Descubra agora