Dialogo Interno: Parte 1

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Por que estou chateada?

-Porque meus sentimentos estão dispersos e não sei como processá-los.

Por que me sinto assim?

-Porque meu processo de pensamento era muito rápido para processar sentimentos, então cada pequena coisa se tornava enorme

Por quem me sinto bem e mal?

-As únicas pessoas que tenho sentimentos bons são minha namorada e minha avó.

Por que é que isso acontece?

-Porque elas me fazem sentir que pertenço, como se não precisasse me preocupar com o que todo mundo diz, não me fazem sentir como um peso para elas ou para qualquer outra pessoa.

E por quem me sinto mal?

Mãe, muito. Um pouco sobre meu pai e o resto da minha família.

-Por que você se sente mal?

-Não mal, brava. Uma espécime de raiva desacerbada.

Então por que você se sente brava?

-Porque minha mãe é egoísta, mas agora que ela está tentando melhorar, e isso me irrita, como se eu nunca tivesse sido motivo o suficiente pra ela tentar melhorar, como se só agora ela percebesse e ainda por causa de outras pessoas que tratar sua filha como um ser humano fosse algo digno.

E quanto ao teu pai?

-Ele é um cara legal, mas não consigo esquecer o passado.

E por que você não deixa o passado ir?

-Porque eu não posso esquecer. Fui muito machucada, ainda sinto isso às vezes, então não sou capaz de perdoá-los completamente.

Por que você não tenta?

-Porque dói, roubaram uma grande parte de minha vida. Então eu me sinto no direito de estar com raiva, destruíram minha inocência, tomaram a força minha infância, então eu sinto falta o tempo todo de mim... ou melhor de você. Falta de quem eu seria sem meus traumas, sem esse eu que está o tempo todo tentando juntar cacos quebrados por outras pessoas. Sem ter passado por diversos tipos de violência e violação.

E por que você não os perdoa e se liberta disso?

-Eu os amo. Mas, para perdoar, você precisa estar disposto, e parte de mim quer fazê-los doer tanto ou tal quanto eu.

Sua mãe é justificável bem, mas e o pai, ele não está melhor?

-Sim, mas ele não me procurou na época, e agora é tarde demais pra reconhecer erros ou ter mais cordas e correntes para qualquer um ter qualquer controle sequer sob mim ou meus atos. Eu não vou me curvar a ninguém que me machucou, se você esqueceu essa foi uma promessa que fizemos.

Nós?

-De mim para você. Esse é o nosso acordo,  para que você criança nunca mais sofra o que eu, seu eu adulto, tive que passar. Para que você mantenha o resto de leveza e inocência que lhe resta. Para que nem que seja somente em minha memoria, você tenha paz ao ir embora enquanto me despeço da infância que nunca tive, que somente por sonhos e delírios tive, por algo que nunca aconteceu. Para que pelo menos minhas sandices de paz se preservem com sua  inocência.

Mas, devemos tentar perdoar...e seguir em frente, que tal?

-Sim ... deveria, mas não vamos fazer isso facilmente.

Apenas... tente, você sabe que isso está te deixando estagnada né?

-Vale a pena? Não, mas vamos tentar.

Mas nossa mãe... ela melhora né?

-O tempo dirá criança. O tempo dirá.

Palavras aleatórias de uma mente pulsante aleatória(0-20)Onde histórias criam vida. Descubra agora