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Pétala

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Pétala

O meu dia tinha sido tão cheio, que só tive tempo de ficar nervosa quando começou a escurecer e eu e a Jade estávamos voltando pro morro.

Saímos cedinho de casa, antes das sete da manhã. A minha faculdade não ficava tão longe do morro, e era o nosso primeiro compromisso do dia.

Nós duas caminhamos até o ponto de ônibus lá na saída do morro, e ao chegarmos na faculdade já era sete e meia da manhã. Ao meio dia nós almoçamos juntas na lanchonete da faculdade e depois pegamos mais um ônibus até eu deixar minha preta na escola dela, e ir pro meu trabalho, que graças a Deus dava pra ir de pé, caminhando uns dez minutinhos. Não aguentaria pegar mais ônibus.

As cinco e meia eu peguei ela na escola e voltamos pra casa. Mas quando o ônibus parou no ponto em frente ao morro, já passava das seis e meia. Queria preparar ela pro que viria a seguir, mas não daria tanto tempo.

Pétala: E você fez amigos? - perguntei, quando ela continuava tagarelando sobre a escola nova.

Jade: Sim, mãe. Eu tava na minha mesa e aí veio duas meninas perguntar se eu queria ser amiga delas - sorri pra ela, que segurava a minha mão enquanto íamos subindo o morro.

Algumas pessoas que me reconheciam ficavam olhando como se eu fosse um fantasma, outras até me cumprimentavam, mas ao notarem a Jade, o olhar era de espanto. Eu já tava irritada com aquele povo fofoqueiro. Minha sorte era que ela ainda não tinha reparado. 

Pétala: E no intervalo? Você lanchou tudo?

Jade: Comi tudinho, mas já tô morrendo de fome de novo - reclamou, colocando a mão na barriga - Você pode comprar uma coxinha?

Pétala: A gente tá sem tempo, filha. Não vai dar pra parar em uma padaria.

Ela fez um bico, mas esqueceu esse assunto e voltou a falar sobre as meninas que tinham chamado ela pra serem amigas.

Jade: O nome de uma delas é Ketlyn e a outra é Ana, eu não sei qual o nome dela, mas todo mundo chama de Ana - comentou. Ela parou de andar e me olhou - Mãe, eu tô cansada de andar.

Respirei fundo e ajeitei a minha bolsa e a mochila dela nas minhas costas. Estiquei meu braço pra ela pular no meu colo, e voltei a caminhar até a casa da Bru.

Por mais que eu quisesse muito, não dava pra ficar pagando Uber todos os dias pra levar e trazer a gente na porta de casa. A Jade ia ter que se acostumar com a nossa nova rotina.

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