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Pétala

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Pétala

No sábado, acordei cedo porque precisei seguir com a mudança pra minha casa nova.

Enquanto eu me ajeitava, e deixava a Jade dormindo na casa da tia Bruna, vi umas chamadas perdidas do Lennon no meu celular, mas não tive tempo de ligar de volta. O Uber que eu tinha contratado pra levar as malas já tinha chego, e me esperava lá embaixo.

Jade e eu trouxemos pouca coisa pro Rio. Apenas as nossas roupas e alguns objetos pessoais importantes. O restante nós conquistaríamos aqui.

Eu tinha muita coisa pra resolver hoje, e realmente não ia dar pra ficar conversando com o pai da Jade.

Ele me contou que ia na casa dos pais falar sobre a nossa filha, e sobre toda a história, e nós dois não nos falamos depois disso. Por mais ansiosa que eu estivesse pra saber de tudo, acabei dormindo cedo, assim como a Jade, e nem vimos as chamadas dele.

Mas foi só eu colocar os pés pra fora da casa da Bru, que encontrei com ele sentado na calçada, de papo com o cara do Uber. O sol nem tinha aparecido pra iluminar o dia e aquele homem já estava na porta da casa da Bruna.

Pétala: Dormiu aqui? - perguntei, não conseguindo segurar a risada enquanto abria o portão.

Ele se assustou, e se levantou, virando de frente pra mim. Ajeitou o boné, e quando viu que eu sorria, ele pareceu relaxar e sorriu também.

Leão: Bom dia, linda - eu fraquejei toda sentindo o olhar dele descer por todo o meu corpo, demorando muito mais do que devia - Eu... eu saí tarde da casa da minha mãe ontem, perdi a hora e quando liguei pra vocês, ninguém atendeu. Vim cedo pra ver se tá tudo certo, aí o parceiro me falou que tu chamou ele pra fazer a mudança.

Cumprimentei o moço do Uber, e ele retribuiu.

Por mais que minha nova casa fosse perto, não tinha como eu levar tantas malas e bolsas andando. Então preferi chamar um Uber.

Pétala: A Jade tá dormindo, e eu tô cheia de coisa pra fazer hoje. A Bruna vai ficar com ela, não sei se você quer... - deixei a frase morrer, porque não tinha entendido bem o que ele tava querendo ali.

Leão: Vou te ajudar então, pô - ele virou de costas pra mim, olhando pro motorista do carro - Dá um dez, irmão. Nós já traz tudo aí.

O cara concordou e o Lennon se aproximou de mim, e antes que entrasse pelo portão da casa da minha prima, ele roubou um selinho da minha boca sem nem encostar no meu corpo, e passou direto para o lado de dentro da casa. Foi tão rápido, me pegando completamente de surpresa. E me deixando parada por quase um minuto, tentando entender como focar minha atenção na mudança, com aquele homem tão perto de mim.

Quando eu me mexi, e entrei em casa de novo, o Lennon estava encima do colchão, dando um beijo na Jade, que dormia super tranquila. Ele notou a minha presença e logo se levantou, pra levar o que precisava para o carro.

Fazer a mudança foi rápido, eram só algumas malas mesmo. O pior foi ter que arrumar tudo no lugar ao chegar na casa nova.

Ela nem era grande. Eram só quatro cômodos, uma cozinha junto com a sala, dois quartos, e o banheiro. A casa já tinha toda a mobília, não era do jeito que eu queria pra sempre, mas como eu planejava ficar por um bom tempo, podia ir mudando aos poucos sem apressar nada.

Leão: A Jade vai ficar louca com isso aqui - ele falou, saindo de dentro do quarto que seria dela - Tem que dar uma melhorada, botar da cor que ela quiser, mas tem um espaço maneiro pra ela brincar.

Pétala: Acho fofo você falando e lembrando dela o tempo todo - confessei, enquanto arrumava umas almofadas no sofá.

Ele sorriu de lado e chegou mais perto de mim. Mas o sofá ainda estava entre nós dois. Eu só não sabia por quanto tempo.

Leão: Aquele outro quarto ali é o nosso? - eu soltei uma risada, jogando meu pescoço pra trás - Não tô brincando não, por mim nós já tava assim.

Pétala: Sem pressa, cara. Uma coisinha de cada vez.

Ele andou devagar, até parar em frente ao sofá e se sentar, me olhando. Eu continuei de pé, com minha perna encostando na dele. O Lennon esticou a mão pra mim, enquanto me olhava com um sorriso de  canto de boca.

Quando juntei minha mão com a dele, fui puxada para o seu colo. O Lennon segurou meu rosto com uma mão, e a outra, que estava entrelaçada com os meus dedos, ele manteve atrás do meu corpo. O seu rosto tão próximo do meu, com nossas bocas quase se tocando, fez meu coração acelerar muito rápido.

Leão: Quando eu acho que não tenho como sentir mais a tua falta, tu volta, fica comigo e depois nem consegui te tocar de novo. Eu tô louco de saudade - fechei os olhos quando senti o nariz dele roçando na minha bochecha - Te amo tanto.

Pétala: Duvido - provoquei.

Ele se afastou, pra poder ver o meu rosto, e eu abri meus olhos, vendo um sorrisinho desacreditado no rosto dele.

Leão: E tu quer que eu faça o que pra te provar? Faixa na entrada da favela? Avião com teu nome no ar? Quer que eu pinte um muro? Que eu coloque o teu nome na minha testa? - eu ri, ele mordeu o meu queixo, me fazendo tremer inteira - Fala, eu faço.

Desmanchei meu sorriso, me aproximando ainda mais do meu preto. Ele desceu o olhar pra minha boca, e eu engoli o nó na minha garganta.

Pétala: Só me ama de novo.

Eu percebi que ele simplesmente desmanchou toda a postura. A mão envolta do meu corpo se afrouxou e a que estava em meu rosto se afastou.

Leão: Devia ser até pecado tu me pedir uma coisas dessas. Por mim, a gente não sai dessa casa nunca mais, e nós faz amor quantas vezes tu quiser, porque eu quero sempre - segurou meu rosto, encostando a testa na minha - Enquanto eu tiver respirando, eu vou te quer. E se tiver como, acho que até depois de morto também.

Eu não precisei mais do que isso pra beijar o meu primeiro e único amor dessa vida.

Estar com ele era como voltar no passado, mas era tão bom que fosse hoje. Exatamente hoje. Mesmo com toda a mágoa, mesmo com tudo que a gente passou no tempo de afastamento, era melhora ainda.

Muita coisa mudou.

Além da saudade que deixava tudo mais gostoso, ele mudou e eu mudei. A gente se tornou mais fechados, mais confiantes, mas com ele, eu ainda era a Pétala de seis anos atrás. A mesma. E toda vez que ele me olhava com tanta devoção, eu ainda conseguia ver o meu Lennon.

O mesmo Lennon que eu jurei amar até o último dia da minha vida, não importava o que acontecesse.

Me esperaOnde histórias criam vida. Descubra agora