LeãoPoder voltar pra casa depois de uma semana inteira no hospital, foi a melhor parada da vida e eu ainda consegui voltar bem no dia do aniversário da Jade. Tava morrendo de medo de não conseguir ficar com ela nessa data, pô.
Independente se eu conseguisse ou não conseguisse sair do hospital a tempo do aniversário, a Pétala e eu quisemos manter a decisão de fazer a festa pra Jade, pra ela não ficar triste com mais essa parada. Já era muita coisa rolando na cabeça dela.
Eu cheguei de surpresa pra minha gatinha, acordei ela com mil beijos e ela logo pulou no meu colo e não me largou até a hora que a Pétala chamou a pequena pra se arrumar pra festinha.
Enquanto elas tavam no quarto, eu tava jogadão na sala mermo vendo televisão, cheio de dor de novo. Já tava quase na hora de tomar remédio.
O Kauã tinha acabado de ir pra casa pra se arrumar antes de vim pra festa. O moleque ficou direto aqui pra ajudar a Pétala com a Jade. Ele, a Bruna e meus pais foram muito maneiros pra ela nesses dias, papo reto.
Jade: Pai, olha... eu tô de Moana!
Eu virei meu pescoço pra acompanhar ela entrando na sala, com um sorrisão no rosto e toda arrumada com a fantasia da boneca preferida dela.
Leão: Caraca - ela sorriu mais ainda, dando uma voltinha na minha frente - Tá mais linda que nunca.
A Jade gritou "fofinhooooo" e se jogou encima de mim pra me abraçar. Eu fechei os olhos e prendi minha respiração por causa da dor no meu ombro. Meu braço tava imobilizado, pra evitar mexer o meu ombro que foi atingido pela bala.
Eu tinha ganhado um tiro perto da cintura também, mas essa parada já tava bem mais de boa. Eu evitava ficar muito tempo de pé, porque já começava a doer, mas bem menos do que meu ombro que doía quase o tempo todo.
Independente da dor, eu tava cheio de saudade da minha garota. Ficava viajando como ia ser a minha vida sem ela, pô. Não gostava nem de pensar. A Jade era a realização do meu maior sonho, de uma forma três vezes melhor do que eu sonhei.
Leão: Filha - grunhi baixinho - Chega só um pouco pro lado, pra não machucar teu pai.
Ela se afastou, me olhando assustada e com medo.
Jade: Desculpa, pai.
Leão: Não machucou, fica de boa.
Jade: Você quer remédio? Já sei, vou te examinar!
Eu nem consegui responder, ela correu pra fora da sala e só voltou usando aquelas parada de médico, mas era rosa e de plástico. Eu soltei uma risada e ela riu também. Nunca vi uma Moana de médico, antes.
A Jade começou a me examinar, e eu fingi que tava morrendo de dor pra ela brincar na moral. Quando eu parei de fazer graça e abri o olho, a Pétala tava atrás do sofá, olhando pra gente com o riso preso.
Pétala: Tá sendo bem cuidado?
Leão: Demais - sussurrei, parando tempo demais pra olhar pra beleza da minha mulher, que já tinha se arrumado pra festa com um vestido vermelho que ia até o pé, mas era aberto nas costas - Tá muito... É, isso mermo que tu tá pensando.
Jade: Muito fofinha? - perguntou pra mim.
A Pétala riu e eu balancei a cabeça concordando.
Leão: Isso aí, muito fofinha a tua mãe.
A preta bateu com a mão de leve na minha cabeça e chamou a Jade pra cozinha, dizendo que já tava na hora de tomar meu remédio. Ela entregou tudo pra pequena, que fez o papel de médica e deu as parada pra eu tomar.
Depois de uns minutos começou a chegar a família da Jade, e a cada presente que ela ganhava parecia que o rosto dela tava mais perto de rasgar por causa do sorriso enorme.
Bruna deu pra ela uma boneca bailarina que a Jade amou tanto que nem soltou o restante do dia. Meus pais tinham dito que iam comprar a boneca que era do tema do aniversário da Jade, a tal da Moana, e foi ela ver aquela boneca que ficou feliz de um jeito que eu nunca tinha visto na minha vida. O Kauã deu pra pequena um kit de pulseira, pra ela montar com as coisinhas que ela montava.
Quando eu estava no hospital, pedi pro Kauã correr atrás do presente da Jade pra mim, e ele comprou o skate rosa que eu queria pra ela. A Pétala quase me matou quando viu, mas a Jade adorou porque era muito "fofinho", como ela mesma disse. Assim que eu melhorasse ia voltar a ensinar como andar de skate.
Na hora de cantar parabéns pra ela, a Pétala colocou a Jade encima de uma cadeira, e ficou eu e ela com a nossa filha. Esse foi o momento que eu quase chorei, tá ligado? Pique realização de um sonho mermo. Ter a mulher da minha vida, e a miniatura dela junto de mim, era o maior presente que eu podia ganhar.
O primeiro pedaço de bolo foi muito disputado por meu irmão e a Bruninha, mas no fim das contas a minha filha entregou foi pra mim, e eu me senti o cara mais feliz do mundo de saber que ela gostava de mim de verdade.
Jade: Pai - ela sentou do meu lado na cadeira, me chamando com a voz baixinha.
Leão: Hum - inclinei meu corpo pra frente pra ficar mais perto dela, parando de comer o bolo.
Jade: Sabe aquela hora que a minha mãe pediu pra eu soprar a vela e fazer um pedido? - concordei - Eu posso contar pra alguém?
Não sabia se podia ou se não podia. Mas eu tava bem curioso pra saber e pra realizar o pedido dela.
Leão: Só se for pra pessoa que tu deu o primeiro pedaço do bolo.
Ela deu uma risadinha, mas depois ficou séria me olhando.
Jade: É que eu pedi pra você não se machucar, eu não queria que você tivesse machucado.
Meu coração parecia que tinha parado de bater, pô. Tava sem saber o que responder e o que mais fodeu com a minha cabeça foi ver os olhos dela marejados. Eu precisei engolir o nó na garganta pra responder.
Leão: Pô, Jade... eu tô bem. Tô aqui agora e tenho uma médica muito maneira que me dá os remédios e faz vários exames também - ela riu e eu puxei ela pra sentar no meu colo, passando a mão no rosto dela - Não fica pensando nisso, já passou.
Ela apertou o meu pescoço com os bracinhos, em um abraço apertado e eu dei um beijo no cabelo dela, e continuei grudado daquele jeito.
Jade: É que a gente já ficou muito tempo longe, eu queria que a gente ficasse pra sempre pertinho.
Leão: A gente vai ficar, meu amor. Nós e a tua mãe.
Jade: Então você não vai mais ser segurança dessa gente toda, pai?
Respirei fundo e neguei com a cabeça.
Leão: Não vou, Jade. Vou resolver isso e vou ficar pra sempre aqui contigo.
Ela continuou abraçada comigo e apertou meu corpo com mais força. Me aproveitei daquele momento pra reafirmar mais uma vez na minha cabeça que eu iria fazer qualquer parada, mas não voltava pro crime de jeito nenhum.
Minha Jade não merecia isso.