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Lennon

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Lennon

Meu plano era conversar com o Mendonça por telefone mesmo, porque não tava com tempo pra ficar enrolando. Mas nos dias após a internação da Jade, as coisas deram uma piorada e eu fiquei bem alheio ao mundo, focando só na minha pequena.

Pétala e eu só saímos do hospital pra pegar roupas e tomar um banho em casa, mas logo depois voltamos e ficamos grudados na Jade.

Ela foi voltar a melhorar depois do quinto dia de internação, o que foi bem mais tranquilo e a gente pode respirar aliviado.

Eu e a Pétala fizemos um acordo. Ela dormiria em casa a noite, e eu iria em casa pra dormir durante o dia, porque depois de cinco dias caóticos, a gente já nem conseguia se manter de pé e precisávamos disso pra seguir em frente.

O médico disse que provavelmente daria alta pra Jade no dia seguinte, mas não tinha como nos dar certeza, e era melhor que ficássemos descansados e preparados pra tudo.

Mas nem teve jeito. Fiquei sabendo que naquele dia o Mendonça poderia receber visita e me mandei pra encontrar ele, na penitenciária de Bangú. Burocracia do caralho, eu tive que correr atrás de autorização de última hora e quando entrei pra poder fazer a visita, já tava quase na hora de encerrar.

O negócio de segurança era levado a sério demais ali, as visitas eram através de um vidro. O Mendonça de um lado, eu de outro.

Ele não se surpreendeu quando me viu entrando na sala. Achei estranho pra caralho, porque não tinha avisado pra ele que eu iria.

Lennon: Tu não parece surpreso.

Mendonça: Eu não tô - confessou, se encostando na cadeira. As mãos encima da mesa estavam em uma algema. O mano tava com camiseta branca e calça de moletom cinza, sem corrente, sem boné, bem diferente do que eu tava acostumado a ver - O Pato sabia os dias de visita, ele que avisou, não foi?

Eu concordei com a cabeça, entendendo todo o jogo.

O Mendonça tinha falado pro Pato, para o Pato me falar e eu ir atrás dele. Só que ele não podia falar tão abertamente sobre aquilo, porque logo no canto da sala tinha um guarda atento a tudo.

Lennon: Foi.

Mendonça: Eu sei porque tu tá aqui, menor. E eu tô até surpreso de tu ter demorado pra perguntar - eu estreitei meus olhos, entendendo porra nenhuma daquele papo. Não lembrava de o Mendonça ser tão sinistro assim. Esperto ele foi a vida toda, ligado em tudo pra não vacilar, e eu já tava até me esquecendo desse jeitão dele. Fiquei tão focado na volta da Pétala e na minha filha, que nem me liguei no que tava ao nosso redor - Tu quer perguntar?

Me esperaOnde histórias criam vida. Descubra agora