11. Country Places

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C A M I L L E

Theo não havia ido com os irmãos naquela tarde; a tradição dos sábados era uma coisa dos meninos mais velhos. Ele não se mostrou chateado, mas pareceu terrivelmente solitário quando restou apenas ele. Ele se sentou na varanda da frente com um livro da biblioteca da escola, recolhendo-se silenciosamente em seu próprio mundo, coisa que ele parecia ter tendência à fazer. Ele ficou lá por horas, até que eu tive uma ideia para animar o garoto mais novo.

— Ei, Theo. — eu chamei, fazendo-o levantar a cabeça imediatamente e olhar na minha direção. Eu lhe dei um pequeno sorriso — Quer dar um volta também?

Theo deu de ombros, um pouco receoso, mas havia uma fagulha de curiosidade em seus olhos que eu tomei como uma resposta positiva.

— Vamos, eu vou te  mostrar algo legal. — chamei. Theo fechou o livro após marcar a página em que havia parado e se levantou para me seguir.

Eu tinha tido esse desejo de interagir com o Houston mais novo de maneira mais individual desde aquele primeiro dia na estufa, o dia que ele havia erguido seu olhar perdido na minha direção e imediatamente se infiltrado no meu coração. Ele havia despertado meus instintos protetores de maneira mais gritante, tanto por ser o mais jovem quanto por ser o mais tímido dos irmãos. Ele estava se adaptando tão bem quanto podia à nova casa, mas se mantinha retraído em sua própria concha, apesar da curiosidade que parecia cada vez mais presente em seu olhar, como se ele quisesse dar um passo para fora das sombras, mas sem saber como.

Assim, eu o levei para o lugar que poderia chamar sua atenção ali, pois era um de meus preferidos: os estábulos. Oficialmente, os cavalos eram o negócio da família Davis, mas todos nós filhos tínhamos uma mãozinha naquele lugar que basicamente unia todos nós. Eu mesma adorava ver os treinamentos, montar quando podia ou simplesmente estar lá, observando os animais. Tínhamos nossos próprios cavalos, bem como a maioria das outras famílias, mas não se comparava ao estábulo dos Davis. Aquele espaço era o nosso santuário.

Marco e Eddie, os dois cuidadores principais que sempre estavam por perto acenaram quando me viram, já familiarizados com a minha presença. Contanto que não atrapalhássemos os trabalhadores, nós tínhamos permissão para ir até lá quando quiséssemos para ver os cavalos, mas montar era mais raro, pelo menos quando se tratava dos cavalos de primeira que eram treinados para clientes de todo o país.

Theo me seguiu para dentro dos estábulos com passos tímidos e olhos arregalados. Ele e o resto de seus irmãos não haviam vindo aqui antes, então isso era novo para ele. Ele girou a cabeça ao redor, observando os cavalos  em suas baias com um olhar cauteloso, como se os animais fossem atacá-lo a qualquer momento.

— Não se preocupe, a maioria deles é amigável. — eu disse para ele — Veja, esse é o Bolt.

Gabby era obcecada pelo filme Bolt quando éramos menores, então quando ela ganhou um cavalo branco em seu aniversário de doze anos, ela nem hesitou sobre que nome dar à ele. Na verdade, ela havia pedido por um cachorrinho primeiro, mas havia ficado mais do que contente com o cavalo, afinal, ela era uma garota country. As crianças Davis aprenderam a montar tão cedo quanto aprenderam a andar, então era óbvio que eles amavam cavalos e queriam seus próprios. Garrett, o pai, fez cada um deles se mostrar responsável para ganhar um presente tão importante, mas cada um deles havia conseguido.

Eu me lembrava como se fosse ontem o quão feliz minha amiga havia ficado ao ganhar seu próprio cavalo. Era quase que impossível afastá-la dele na primeira semana: ela queria cavalgar em qualquer oportunidade que conseguia. Felizmente, ela não havia tentado escapulir para o estábulo completamente sozinha, o que poderia ter terminado muito mal para uma menina pequena.

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