C A M I L L E
— De zero a dez, quais são as chances dele realmente contar quantas palavras eu escrevi no trabalho? — Collin perguntou baixinho para mim na aula de literatura. Nosso professor havia acabado de anunciar que nosso próximo trabalho era uma redação de mil palavras relacionando o livro que estávamos lendo para a aula com o conteúdo teórico que ele estava ensinando.
— Eu diria sete. — respondi — Então é melhor escrever o mais próximo de mil palavras possível.
— Vai ser uma longa noite hoje. — Collin suspirou dramaticamente.
— Mas hoje é dia de sobremesa em dobro na pousada, então pode ser uma longa noite com doces. — eu apontei.
— Bem melhor. — Collin sorriu como uma criança animada, o que imediatamente amoleceu meu coração— Posso contar para o Rowan? Ele finge que é indiferente a tudo mas ele tem um fraco pelos doces.
— Todos vocês tem. — eu acusei com um sorriso — Mas eu não posso culpar vocês por isso.
— Não é nossa culpa se todo mundo aqui cozinha bem. — Collin defendeu. O sinal indicando o final da aula tocou e a sala se encheu de conversa enquanto todos guardavam suas coisas para sair. Collin e eu saímos lado a lado, um ato de companheirismo que era familiar agora, de modo que mesmo que não falássemos, não era desconfortável.
— Cami! — Gabby apareceu vinda do corredor, com um sorriso brilhante no rosto e um pote plástico verde nas mãos — Almoço das meninas hoje? As meninas do cheer vêm também.
— Claro. — eu assenti.
— Oi, Collin. — ela sorriu para o garoto ao meu lado, ainda radiante. Ela tirou a tampa do pote e o estendeu na direção dele — Quer um cookie?
— Hã... claro, obrigado. — Collin, um pouco perdido com a abordagem dela, hesitantemente pegou um cookie do pote. Eu entretanto, ergui levemente uma sobrancelha, enxergando mais camadas do que ele conseguia.
Uma das minhas coisas favoritas sobre ter um grupo de amigos antigo e que tudo acabava se tornando uma tradição. Mesmo as pequenas coisas, depois de repetidas tantas vezes, acabavam ganhando um significado especial. Assim, eu sabia que quando Gabby aparecia com os cookies irresistíveis de sua mãe que funcionavam como uma armadilha se ela quisesse, era porque ela queria fofocar.
— Vamos indo então. — Gabby enganchou o braço no meu como se estivéssemos prestes a dar um grande passeio — Até mais, Collin!
— Ei! — chamei antes que Collin se afastasse e ele olhou para mim — Conte para o Rowan sobre hoje à noite.
Ele sorriu.
— O que tem hoje a noite? — Gabby perguntou, puxando-me para andar.
— Sobremesa. — respondi simplesmente enquanto deixava ela guiar o caminho para o refeitório, seguindo a massa de alunos que também estava indo almoçar — Por que você está com pressa?
— Eu não estou. — ela respondeu. Ela acenou para alguém atrás de mim e no instante seguinte, Julie se juntou a nós, sorrindo bem mais discretamente que Gabby. Apesar de ser a mais nova e de ter um lado carismático e até provocador, Julie era a mais reservada de nós quando se tratava dela mesma, aquela que se preocupava mais com as coisas, que ficava mais séria. Ela era muito parecida com Bray em personalidade, embora nosso amigo tivesse uma confiança tranquila que o colocava naturalmente no papel de líder e até mesmo mamãe urso, enquanto Julie ainda parecia lutar para se encontrar e para se provar também, então ela se cobrava muito. Era uma batalha silenciosa, mas que eu era capaz de enxergar.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Where We Belong
Teen FictionSomewhere Only We Know | Livro 1 "Esses garotos são problema" era a frase mais usada para explicar os garotos Houston. Quatro irmãos órfãos que só podiam contar um com os outros e lutavam contra a dura realidade da vida desde cedo. Rowan e Collin, o...