C A M I L L E
Bray me ensinou a subir em uma árvore quando eu tinha uns sete anos. Claro, eu já havia feito minhas próprias tentativas antes disso, observando as peripécias dos meninos e querendo imitá-los, mas foi só então que Bray realmente me ensinou a escalar de um jeito que não me faria me estatelar no chão e deixar todas as nossas mães bravas. Ironicamente, foi ele que quase quebrou o braço caindo algum tempo depois, enquanto eu sempre havia escapado com não mais que alguns arranhões e joelhos ralados.
Eu não achava que ele sabia que havia me ensinado uma habilidade que estava possivelmente salvando a minha vida agora.
Considerando que eu sabia o quão perigoso era rumar no escuro pelo bosque, quando ninguém mais sabia onde eu estava e sem um senso certo de localização, eu consegui ter o pensamento rápido o suficiente de correr até encontrar uma árvore que parecesse forte o suficiente para eu escalar. Então, eu havia subido apressadamente pelos galhos, arranhando minhas mãos e pernas em meio ao pânico, sentindo todo o meu corpo latejar com os movimentos para me puxar para cima. Finalmente, eu me assentei em um galho e esperei, rezando para não ser descoberta. Minhas Ave-Marias sussurradas se tornaram trêmulas quando começou a garoar e a chuva gelada pareceu penetrar em meus ossos.
Eu não sabia quanto tempo havia se passado e, embora tivesse ouvido vozes distantes, os meninos de North Hill nunca se aproximaram o suficiente para entrarem no meu campo de visão. Eu não sabia quanto tempo ficar ali, como encontrar ajuda, como sequer voltar para o campo no estado em que eu estava, então eu apenas fechei os olhos e rezei.
Rezei até que escutei meu nome escoando. Fiquei estática, tentando entender se estava imaginando coisas ou quem estava me chamando, mas então ouvi de novo, a voz mais clara dessa vez. Na terceira vez, eu consegui reconhecer seu dono e meu corpo começou a tremer de alívio. Era Rowan.
Ainda assim, eu esperei até avistá-lo, com medo de que minha mente estivesse pregando truques em mim mas, quando vi uma figura avançando por entre as árvores, com a lanterna do celular iluminando o suficiente para que eu conseguisse distinguir o mais velho dos meus irmãos adotivos, eu finalmente me permiti acreditar. Atrás dele, estavam Collin e Asher e eu poderia ter chorado de alívio se não estivesse tão entorpecida.
— Camille! Onde você está? — Rowan chamou, preocupação evidente em seu tom de voz.
— Rowan? — foi um murmúrio fraco que escapou de meus lábios, mas Rowan congelou, olhando ao redor, assim como os outros dois. Asher estava segurando uma lanterna maior e começou a procurar freneticamente, iluminando em volta deles. Eu me mexi e o farfalhar das folhas fez com que eles olhassem para cima.
— Cami? — Collin chamou, olhando-me incrédulo.
— Droga, não se mexa. — Rowan disse. Asher, por outro lado, se aproximou até que ele estava embaixo de mim, seus olhos nos meus, e estendeu um braço para cima.
— Venha, amor, você pode descer agora. Eu estou aqui para pegar você. — ele disse.
Devagar, eu comecei a me mover, sentindo meus músculos rígidos depois de ficar tanto tempo tensa. Os galhos estavam escorregadios agora, então eu me movimentei com cuidado, usando toda a energia que me restava para descer um pouco de cada vez até que as mãos de Asher alcançaram a minha cintura e ele me ajudou até o chão.
Eu cambaleei, mas Asher ainda estava me segurando, assim como Rowan e Collin estavam perto também, prontos para tentar me segurar caso eu tivesse caído.

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Where We Belong
Novela JuvenilSomewhere Only We Know | Livro 1 "Esses garotos são problema" era a frase mais usada para explicar os garotos Houston. Quatro irmãos órfãos que só podiam contar um com os outros e lutavam contra a dura realidade da vida desde cedo. Rowan e Collin, o...