C A M I L L E
A noite era de tirar o fôlego.
Toda a agitação, a euforia, o deslumbramento ao ver as arquibancadas lotadas de torcedores vibrando era quase suficiente para me distrair da ansiedade que eu estava sentindo.
Depois de mais um pouco de reflexão, eu havia decidido que não pediria para sair daquele jogo, que eu estaria lá com o restante dos líderes de torcida animando a noite mais importante da temporada. Eu não deixaria que isso fosse tirado de mim, mesmo que eu estivesse nervosa; eu sabia que os nervos de todos estariam à flor da pele e qualquer atrito cresceria exponencialmente rápido. Ainda assim, minha determinação em participar foi maior, então ali estava eu, esperando na saída dos vestiários juntamente com o restante do time, esperando para fazermos nossa entrada.
— Você está bem, Cami? — RJ perguntou baixinho ao meu lado e eu assenti, virando para olhar para ele — É isso aí, garota, mostre de quem é a casa.
Nossa, era a nossa casa.
— Eles nem vão perceber o que os atingiu até ser tarde de mais. — Gabby estava absolutamente confiante. Nela, havia glitter em toda parte e um sorriso gigantesco parecia permanente em seu rosto. Eu já havia tido que arrumar seu penteado duas vezes porque ela não havia parado quieta desde que havíamos chegado, uma hora atrás. Era como uma bola cintilante de energia.
— Eu não sou fã de toda a energia violenta, mas hoje eu realmente quero que os nossos brutamontes chutem a bunda dos outros brutamontes. — Wyatt comentou, piscando para mim. Mesmo que eu não tivesse de fato contado para nenhum deles sobre a minha inquietação, meus amigos aqui pareceram notar isso mesmo assim e estavam tentando me manter confiante e animada.
Minutos depois, estávamos tomando nosso lugar no gramado, formando um corredor para a entrada do time de futebol, balançando pompons de maneira sincronizada e incentivando a torcida da multidão vestida de vermelho e preto atrás de nós, não que eles parecerem precisar de qualquer instrução para isso.
O time de futebol fez sua entrada trinfundal, correndo e gritando, certamente todos cheios de adrenalina. Foi impossível distinguir Asher ou meus amigos no meio do borrão de jogadores que passou por nós, mas eu os havia visto mais cedo para desejar boa sorte. Asher havia me roubado um beijo, dizendo que era exatamente o amuleto que ele precisava e eu ainda podia sentir a sensação dos seus lábios nos meus mesmo agora.
Eu achava que nunca ia deixar de ficar deslumbrada e com borboletas no estômago quando se tratava de Asher.
Realmente tentei evitar observar demais o time de North Hill, mas uma parte do meu subconsciente, aquela que estava gritando que eu precisava ficar alerta, me fazia querer procurar por Blake, saber exatamente onde ele estava para que eu pudesse ficar o mais longe possível. Eu sequer queria que ele me visse, queria que ele ficasse do outro lado do campo a noite toda.
— Olhe para eles! — Gabby chamou a minha atenção, apontando para a arquibancada, e levou um minuto para eu achar o que ela queria que eu visse: nossa família. Todos os pais estavam ali naquela noite, com exceção da minha mãe, que havia tendo que ficar em casa por conta das dores no corpo que ela estava sentindo após a queda e, principalmente, por causa do pé imobilizado, incompatível com a arquibancada caótica e cheia de degraus.
Ela estava chateada por não vir e ver os meninos, principalmente Bray e Asher em seu último jogo, mas os dois haviam passado em casa para receber o carinho e incentivo dela mais cedo, assim como eu sabia que cada um dos meninos certamente havia recebido uma mensagem cheia de pontos de exclamação e emojis, a maneira preferida da mamãe se comunicar por mensagem.
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Where We Belong
Novela JuvenilWest Valley | Livro 1 "Esses garotos são problema" era a frase mais usada para explicar os garotos Houston. Quatro irmãos órfãos que só podiam contar um com os outros e lutavam contra a dura realidade da vida desde cedo. Rowan e Collin, os mais velh...