34. Country Bonds

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C A M I L L E

Eu estava em casa quando descobri que enfrentaríamos North Hill na final. Não havia sido exatamente uma surpresa, levando em consideração que eu havia passado a manhã inteira ansiosa e esperando pelo resultado do jogo. Nem mesmo a corrida matinal havia sido capaz de aliviar meus pensamentos e eu fiquei constantemente checando meu celular até que nosso adversário fosse decretado. As meninas e Asher, que eram os que mais sabiam como eu estava me sentindo sobre o assunto, haviam me mandado algumas mensagens, mas mesmo com o apoio deles e com as memórias calorosas do meu encontro com Asher na noite anterior, eu ainda estava me sentindo terrivelmente inquieta. 

Eu havia descoberto coisas sobre North Hill nas últimas semanas, acompanhado o desfecho do ocorrido naquele jogo. O garoto que havia me derrubado e basicamente me atacado depois se era um wide receiver chamado Blake Anderson e ele havia sido suspenso por um jogo por conta de sua conduta e, ao que tudo indicava, também não poderia jogar contra o nosso time de novo. Isso não significava que ele não estaria lá, no banco, ou que seus amigos não estariam bravos e não jogariam sujos. Eu estava preocupada por mim mesma, mas também com os meninos, especialmente Asher, que havia enfrentado o garoto. Seria ingênuo acreditar que ele não havia ficado marcado por causa disso. 

— Ei, você está bem? — eu ergui a cabeça para ver que Collin tinha entrado na cozinha e estava me observando com a testa levemente franzida. Só então eu percebi que estava olhando para a mesma receita a minutos, sem de fato absorver as palavras para pegar os ingredientes que eu precisava. Aparentemente, tentar testar uma receita nova também não estava me distraindo como deveria.

— Só estava com a cabeça em outro lugar. — disse para Collin, que se aproximou da ilha.

— Você está preocupada com o jogo? — ele perguntou — Os caras não estavam felizes com isso hoje.

— Vamos dizer que não é como eu queria que as coisas fossem. — eu suspirei honestamente.

— Ninguém vai te machucar de novo. Nem que eles quisessem, porque acho que uma guerra explodiria naquele gramado se eles tentassem. — Collin disse — Você está segura.

Eu assenti, finalmente focando nos ingredientes que precisava e Collin me observou trabalhar em silêncio, ficando ali comigo como se soubesse que meus pensamentos estavam sendo más companhias.

— Sabe, — ele disse depois de um tempo, quando eu já estava derramando massa nas forminhas para levar para assar — Que você pode conversar comigo se quiser, não é? De todos nós, Rowan é o melhor conselheiro, mas eu sou um bom ouvinte.

— Obrigada, Collin. — eu lhe dei um pequeno sorriso — E, se a minha opinião vale de algo, eu acho que você é bom com as palavras também.

— Rowan é o melhor, acredite em mim. — ele me disse com convicção — Mas obrigado pelo apoio moral. Eu vou responder o melhor que eu puder se você quiser.

— Acho que eu fico mais feliz com a companhia agora. — respondi com sinceridade. Collin apenas assentiu, compreensivo, e continuou ali comigo enquanto eu preparava outra fornada para aproveitar a deixa do forno já ligado e eu fui grata por isso. A presença dos Houston havia se tornado tão reconfortante para mim quanto a do restante da minha família; o silêncio não era tenso ou constrangedor, ele podia ser tão bom quanto as palavras.

O silêncio e eu havíamos nos tornado bons amigos durante os anos, desde que eu havia aprendido que a minha surdez era uma parte de mim. O silêncio fazia parte de quem eu era desde que eu havia acordado no hospital depois do acidente, desde que eu havia precisado aprender o mundo de outra forma. E então eu compreendi que o silêncio não era necessariamente o vazio, a ausência; o silêncio podia estar repleto de coisas: pensamentos, emoções, ações e até mesmo palavras. O silêncio transmitia e ele falava se você aprendesse a escutá-lo. 

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