12. Country Foreign

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R O W A N

Estar em West Valley, aos poucos, estava despertando algo novo e estranho em mim. Estava fazendo com que eu me sentisse um estrangeiro de várias formas, um forasteiro, mas o que mais me incomodava não era que as pessoas me vissem assim, ou mesmo que eu me sentisse assim em relação ao mundo ao meu redor, mas sim que eu estava começando a me sentir assim em relação à mim mesmo.

Era como se eu estivesse do lado de fora, olhando para mim mesmo agora, para a minha vida e então me perguntando: quem é esse cara?

E, a parte mais agridoce era que a mudança que eu via não era necessariamente ruim. Era apenas, estranha. Desconhecida. E o desconhecido era perigoso, traiçoeiro.

— Eu não acredito que estou prestes a dizer isso, irmão, mas acho que nós precisamos de chapéus. — Collin, sentado ao meu lado, chamou minha atenção — Esse sol está queimando meu crânio.

Ele tinha um ponto. Essa cidade era quente e o sol impiedoso, mesmo que fosse outono. Estar ao ar livre durante a tarde, como estávamos agora significava estar sujeito ao calor 

— Pelo menos não são esses seus neurônios engraçadinhos. — eu retruquei secamente.

— Cale a boca. — Collin me acotovelou, mas havia um pequeno sorriso brincalhão em seus lábios. Ele estava de bom humor naquela tarde, assim como eu, apesar de eu estar sendo menos expressivo sobre isso. 

Nós dois estávamos sentados na arquibancada exposta do campo de beisebol, assistindo o primeiro treino de Nolan. Teoricamente, eles não estavam fazendo nada emocionamente, mas aquele momento era importante para nós, especialmente para Nolan. Meu segundo irmão mais novo não havia expressado sua animação com palavras, mas suas ações silenciosas e expressões eram suficentes para entregar isso. Ele havia passado o fim de semana todo se preparando quando achava que ninguém estava vendo: ele estudou o livro de jogadas que havia recebido, dobrou e desdobrou seu novo unforme incontáveis vezes, apreciativo. 

Elena havia sido rápida em garantir que Nolan tinha tudo que precisava e, como ela havia prometido, sem qualquer restrição. Eu nem sequer havia tido a chance de comprar qualquer coisa para Nolan, ela havia chegado lá primeiro. Ter outra pessoa realmente suprindo meus irmãos assim era estranho para mim, que havia assumido a responsabilidade de garantir que eles estavam cuidados a muito tempo. Eu não estava acostumado ter alguém tirando as tarefas de mim, a dividir essa função de guardião mais do que superficialmente. Ninguém no sistema nunca havia garantido que tinhámos mais do que o básico, às vezes nem isso, então dizer que eu estava surpreso com o tratamento de Elena era um eufemismo. 

Eu me senti deslocado ao perder uma das funções que sempre me couberam, então o que me restava era estar aqui e oferecer meu apoio de outra forma — não que eu já não fosse fazer isso. 

Nolan nunca teria ido atrás da permissão de Elena sem a intervenção de Collin, que por sua vez veio atrás do meu conselho antes. Nolan podia parecer o mais revoltado e difícil de todos nós, mas eu o conhecia bem o suficiente para saber que ele era provavlemente o que mais sentia medo também. Collin e eu estávamos mais calejados, sabíamos administrar melhor as situações e nossas emoções, enquanto Theo, por ser o mais novo, era consequentemente o mais inocente e o mais protegido; seu receio aflorava na forma de timidez, enquanto o de Nolan estava soterrado embaixo da raiva que ele nutria, de todos os outros sentimentos ásperos que ele projetava em uma tentativa de se proteger. 

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