C O L L I N
O dia na casa da árvore havia mudado todos nós, mesmo que não tivéssemos falado sobre isso. Era como se a conexão que já tínhamos com Camille tivesse sido completamente selada, como se tivesse sido a pedra chave, travando de maneira definitiva o que tínhamos, o que éramos, embora nem eu nem meus irmãos já tivéssemos admitido isso em voz alta: que nos sentíamos em família aqui.
Mais ainda: que queríamos que essa fosse a nossa família.
Eu podia ver o desejo de pertencimento em meus irmãos mais novos; mais abertamente em Theo do que em Nolan. Já quanto à Rowan, ele podia agir como uma incógnita, mas eu o conhecia melhor do que ninguém e sabia que essa chama ardia dentro dele também, não apenas por si próprio mas principalmente por nós, porque ele queria o melhor para nós.
Ele queria que estivéssemos seguros todos os dias, indo para a escola, fazendo amigos, tendo comida para todas as refeições e camas quentes para dormirmos todas as noites. Ele queria um lugar onde fôssemos cuidados e amados porque, embora ele estivesse determinado a lutar com unhas e dentes para nos dar todas essas coisas ele mesmo se necessário, ele queria mais para nós.
E eu queria o mesmo por ele. Eu me preocupava mais com Rowan do que com meus irmãos mais novos porque Rowan não tinha ninguém olhando por ele, ninguém sendo o guardião dele como ele era o nosso. E ele merecia isso, tanto.
E agora estávamos aqui, achando que havíamos encontrado isso pela primeira vez. Encontrado um lugar que era tão bom para nós que nos fazia querer pertencer.
Admitir isso era assustador. Todos nós estávamos com medo em certo grau e precisaríamos desabafar sobre isso em algum momento próximo, mas eu imaginava que não seria hoje o dia.
Depois do jantar, meus irmãos e Camille haviam se dispersado. Eu havia visto Theo sentado na mesa da cozinha com Camille, cada um com seus respectivos trabalhos escolares; estudar lá a noite durante a semana estava se tornando uma tradição para nós, mas Rowan e Nolan haviam desaparecido. Eu havia passado a última meia hora lendo e fazendo anotações para minha próxima aula de literatura, mas quando não conseguia mais me concentrar nas palavras, fechei o livro e saí em busca de um dos meus irmãos.
Passei pelo quarto de Nolan e Theo, que estava vazio, mas o banheiro ao lado estava com a porta entreaberta e a luz acesa, então eu a empurrei o suficiente para espiar o interior. Foi o bastante para que eu visse Nolan diante do espelho sobre a pia, com uma tesoura na mão e os dedos passando pelo cabelo como se tentasse decidir o que fazer.
— O que você está fazendo? — perguntei, fazendo Nolan virar a cabeça abruptamente ao ser pego no flagra. Sua testa estava franzida com uma irritação que não diminuiu ao me ver.
— Sai fora, Collin. — ele resmungou, virando-se de costas de novo.
— Ok, mas se você destruir seu cabelo e ficar horroroso, a culpa é só sua. — provoquei, sabendo muito bem que ele iria morder a isca. Dito e feito, Nolan bufou exageradamente, mas estendeu a tesoura na minha direção e se sentou derrotado sobre a tampa fechada do vaso sanitário para que eu pudesse trabalhar.
Rowan havia cortado nosso cabelo desde que a mamãe havia morrido, uma das muitas coisas invisíveis que ele fazia por nós que ninguém mais percebia que precisávamos. Ele mantinha o próprio cabelo mais curto, para que pudesse aparar ele mesmo com a máquina sem precisar de ajuda, mas nunca havia nos forçado a fazer o mesmo. Era uma das coisas que eu havia aprendido com ele a como fazer para os nossos irmãos mais novos, porque se ele cuidava de mim então eu podia cuidar deles.
Agora mais velho, Nolan era muito orgulhoso e evitava pedir ajuda para qualquer coisa, mesmo que isso o colocasse em uma posição mais difícil. Eu entendia que isso era um fruto da nossa infância conturbada, que havia deixado marcas diferentes em cada um de nós, mas doía ver meu irmão mais novo se afastando até de mim, como se não pudesse contar nem comigo. E, embora Nolan realmente tivesse mudado bastante aqui, tivesse se tornado confortável o suficiente para baixar suas barreiras, alguns momentos eram mais difíceis do que outros e eu sabia que ele ainda estava nesse humor por causa do humor de Rowan.
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Where We Belong
Novela JuvenilWest Valley | Livro 1 "Esses garotos são problema" era a frase mais usada para explicar os garotos Houston. Quatro irmãos órfãos que só podiam contar um com os outros e lutavam contra a dura realidade da vida desde cedo. Rowan e Collin, os mais velh...