Where We Belong

44. Country Dreams

R O W A N

Haviam poucas coisas na vida que eu havia aprendido por outro motivo além da necessidade, ou por falta de interesse ou porque eu sempre estava tão cansado, tão apático em relação ao mundo que nada parecia despertar meu interesse. A única coisa que me interessava até pouco tempo eram habilidades que me davam maior chance de sobreviver com meus irmãos se necessário, que me deixavam preparado para tudo.

Era por isso que eu havia aprendido a dirigir quando encontrei a janela de oportunidade, tendo juntado o dinheiro suado necessário para tirar minha habilitação, mesmo sem ter qualquer perspectiva de ter um carro ou sequer dirigir considerando nossa situação familiar tão instável. Era uma habilidade que poderia vir a calhar em uma das muitas situações hipotéticas que eu tinha o hábito de inventar em minha mente. 

Agora, saber dirigir havia permitido que eu nos trouxesse para a escola na semana seguinte à noite do campo. Camille estava tentando não deixar transparecer o quão dolorida ela realmente estava, mas o fato de que ela havia me pedido para dirigir era indicativo o suficiente. Ele estava abalada, — na verdade seria mais preocupante se ela não estivesse, considerando tudo — mas estava se esforçando para se manter forte, principalmente quando meus irmãos mais novos iam perguntar se ela estava bem. Era do feitio dela não querer que os outros se preocupassem com ela, claro. 

Ela também havia deixado suas chaves comigo para que eu pudesse levar meu Nolan para casa quando ela ia embora mais cedo, apesar de eu ter dito várias vezes que podíamos achar outro meio. Ela havia se recusado a ceder, no entanto, tendo preferido pegar carona com Julie ou Asher durante o pequeno recesso do cheer naquela semana. Os treinos estavam voltando agora, mas Camille ainda estava fadada a acompanhar de fora, considerando que ela ainda estava machucada. 

Hoje era o seu primeiro dia de volta, uma vez que ela havia insistido que não ficaria para trás na rotina ou qualquer outro termo que ela havia usado quando havia batido o pé, determinada. Seu rosto ainda tinha hematomas e sua expressão ainda tinha resquícios do assombro, mas ela ainda amava esse esporte e as pessoas ali o suficiente para continuar presente ali, apesar de todo o resto. Eu admirava sua força interior.

— Pare de balançar o pé antes que você abra um buraco no assoalho do carro. — Collin censurou Nolan no caminho para a escola. Os meninos fizeram um acordo para garantir que Camille sentasse no banco do passageiro e tivesse mais espaço e os três amontoados no banco de trás gerava tensão nos dias menos bem-humorados, embora atritos entre nós fossem raros — O que há de errado?

— Nada. — Nolan resmungou com um suspiro pesado. Eu não precisava de muito para perceber que todo o ocorrido na noite da festa havia abalado meus irmãos mais novos de uma maneira diferente do resto de nós. Embora eles não tivessem participado de nada, havia sido uma noite caótica na qual eles haviam se preocupado com Camille e com Collin e eu e então havia sido uma semana bastante longa considerando as repercursões que se seguiram, com toda a questão policial e jurídica que sempre havia sido um mau presságio para nós. 

Camille se esticou e se virou para trás para olhar para Nolan. 

— Sinto muito. — ela disse, em um tom que dizia que ela realmente sentia muito — Tem sido dias complicados.

— Não é sua culpa. — Nolan respondeu. O vínculo que ele havia criado com ela nos últimos tempos parecia ter crescido exponencialmente desde a noite em que havíamos trazido Camille para casa do hospital, como se um botão que estivesse no mínimo tivesse sido girado para o máximo. Havia um protecionismo evidente agora, um que ele nunca havia demonstrado com ninguém além de Theo. Seus dias de adolescente arisco haviam definitivamente acabado, pelo menos quando se tratava dela.