C O L L I N
— O que todo mundo faz agora que o futebol acabou? — perguntei para ninguém em específico naquele domingo. Era a vez dos Davis sediarem o almoço de família e, depois de comermos, pelo menos a primeira rodada, nós meninos estávamos espalhados pelo gramado perto da varanda, aproveitando o sol e a tranquilidade do dia.
— Nós temos uma pequena crise existencial e depois vamos torcer para os outros esportes da nossa escola. — Nick respondeu, esticado sobre a grama e com os braços cruzados atrás da cabeça — Não me diga que já está sentindo falta daquilo?
— Parece estranho. — dei de ombros. Considerando que a cidade vivia pelo futebol americano, como Camille havia avisado uma vez, a ausência dele gerava estranheza nesse primeiro momento. Eu já havia me acostumado com as conversas constantes sobre qual seria o jogo da próxima sexta-feira, que time enfrentaríamos, quais eram as probabilidades, todo o tipo de informação que não me era particularmente interessante, mas que havia se tornado familiar.
— Falou como um verdadeiro cidadão de West Valley. — Nash sorriu.
— Nós temos um excelente motivo para assistir o beisebol na primavera, por exemplo. — Bray disse, fazendo referência à Nolan. Meu irmão em questão não disse nada, apenas olhou para Rowan com a mesma ansiedade que todos estávamos sentindo atualmente. Todo mundo falava e agia como se nós sempre fôssemos estar aqui, mas nós sabíamos que isso podia estar bem distante da realidade.
Rowan e eu havíamos passado as duas últimas noites acordados até tarde, conversando baixinho. Sabíamos que Sarah estava para vir para uma visita nos próximos dias e meu irmão mais velho queria usar a oportunidade para conversar com ela sobre o que nos aguardava, se haveria outra casa para nós no futuro próximo ou se ficaríamos aqui mais tempo. No fundo, todos nós estávamos queimando com o desejo de perguntar como podíamos ficar aqui para sempre, mesmo que fosse um pedido um tanto que ousado. Eu sabia que as engrenagens na cabeça de Rowan ainda estavam girando incessantemente em busca de uma forma de barganhar à nosso favor.
À alguns metros de distância, Gabby soltou uma exclamação animada. As meninas estavam conversando sobre algum assunto entre si e rindo e era bom ver a Camille se sentindo à vontade depois das semanas que tivemos.
Devagar, ela estava voltando ao seu ser radiante, mais tranquila à medida que voltávamos à normalidade. Agora que tudo da nossa parte já havia sido feito no meio e os garotos que a haviam atacado naquela noite agora estavam no processo de serem sentenciados, provavelmente com algum tempo de reformatório, parecia um pouco mais fácil respirar. Camille estava se curando, física e mentalmente e era possível ver que ela estava recuperado sua confiança a cada dia. Ela já não parecia mais tão nervosa em relação ao cheer e eu não ouvia seus passos no corredor no meio da noite, indicando que ela havia acordado por conta de um pesadelo ou estava com insônia.
Durante tudo, as pessoas ao nosso redor haviam mostrado verdadeiramente o que significava família. As tias e tios, como eram chamados, estavam sempre por perto, ajudando com o que quer que pudessem e fazendo-se presentes, assim como todos do nosso grupo. A consideração que todos eles demonstraram havia sido sem precedentes e eu sabia que eles teriam feito qualquer coisa para que a Camille se sentisse melhor. Além do círculo íntimo, outras pessoas mostraram seu apoio: uma noite, seus amigos mais próximos do cheer apareceram para eles assistirem as gravações dos treinos juntos e atualizarem Camille sobre tudo e esse suporte certamente havia incentivando-a a voltar o mais cedo possível, e ela o havia feito.
Camille era gentil e amiga de todos que ela conhecia. Agora, era como se essa gentileza estivesse voltando para ela e era mais do que merecido. Ela merecia se sentir querida e ter uma rede de apoio.
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Where We Belong
Fiksi RemajaWest Valley | Livro 1 "Esses garotos são problema" era a frase mais usada para explicar os garotos Houston. Quatro irmãos órfãos que só podiam contar um com os outros e lutavam contra a dura realidade da vida desde cedo. Rowan e Collin, os mais velh...