R O W A N
Naquele domingo, algo havia mudado em relação ao meu irmão mais novo.
Teoricamente, era um domingo como todos os outros, no qual Elena bateria em nossas portas para dizer que elas estavam saindo para a missa e que o café estava na mesa. O convite estava sempre lá, embora nunca tivéssemos aceitado. Naquela manhã, entretanto, eu mal havia fechado a porta do quarto depois de falar com Elena quando Theo apareceu timidamente para me perguntar se ele podia ir com elas.
A pergunta me pegou de surpresa, sem dúvidas. Embora eu pudesse ver Theo ficando mais confortável e até se aproximando de Camille nas últimas semanas, esse era um passo que eu não estava esperando que ele desse considerando que nenhum de nós havia dado, mas talvez eu tivesse subestimado os sentimentos de meu irmão. Theo tinha quatro anos quando perdemos nossa mãe e era o que tinha menos lembranças dela, mas talvez ele guardasse algumas coisas com mais veemência do que imaginávamos e buscasse proximidade com a memória dela assim. Nossa mãe havia sido uma católica fervorosa, apegada a sua fé e seus santos de devoção até seu último dia. Ela costumava a rezar pela nossa proteção, não havia nada pelo qual ela rezava tanto quanto seus filhos.
Às vezes, quando me surgia um pouco de fé, eu gostava de pensar que ela estava olhando por nós agora junto dos santos aos quais ela rezava. Que a interseção dela havia ajudado a nos guiar até aqui e nos mantido juntos. Esses eram os dias bons.
Nos dias ruins, minha apatia era tanta que eu era descrente de qualquer coisa.
Eu queria que os dias bons suprimissem os dias ruins, realmente queria.
Por isso, a única resposta possível para Theo, depois de uma breve conversa, era sim. Ele tinha esse direito e, se buscar a Deus o ajudasse e confortasse, era tudo que eu podia pedir. Então, eu disse ao meu irmãozinho para vestir algo legal e que ele podia ir.
— O que você acha que trouxe isso? — eu perguntei para Collin depois que eles haviam saído, querendo saber se meu irmão havia notado algo que eu não.
— Talvez ele esteja sentindo mais falta da mamãe e queira tentar se aproximar dela a partir da fé que ela tinha. — meu irmão comentou — Ou talvez ele apenas queira experimentar isso por conta própria.
Ambas eram hipóteses possíveis e somente o próprio Theo poderia nos esclarecer isso, embora eu não fosse exigir isso dele. A única coisa que podia me incomodar verdadeiramente era a ideia de que Theo poderia estar sofrendo em silêncio, muito mais do que sabíamos. Eu realmente esperava que esse não fosse o caso.
— Você realmente deixou o Theo ir? — Nolan apareceu para o café da manhã com a testa franzida.
— Bom dia para você também. — Collin disse, mas Nolan o ignorou, olhando para mim enquanto esperava pela resposta que era a confirmação de algo que ele já sabia, mas que o havia deixado irritado por algum motivo.
— Sim, é escolha dele. — eu disse. Nolan afundou em uma cadeira enquanto resmungava, claramente frustrado, o que me deixou intrigado — O que está te incomodando?
— Eu só não gosto disso. — Nolan respondeu.
— O que? — perguntei.
— Theo é o mais novo, ele é um alvo fácil. Eu não quero que ele seja manipulado. — Nolan apontou, parecendo genuinamente incomodado com a ideia, uma preocupação que não havia me ocorrido até então.

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Where We Belong
Teen FictionSomewhere Only We Know | Livro 1 "Esses garotos são problema" era a frase mais usada para explicar os garotos Houston. Quatro irmãos órfãos que só podiam contar um com os outros e lutavam contra a dura realidade da vida desde cedo. Rowan e Collin, o...