•Capitulo Um•

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Fayla Narrando:

A primeira lua cheia do ano é um acontecimento muito esperado por todos do clã lupino, ainda mais se nesse mesmo dia o novo Alpha fosse declarado após um ritual sagrado destinado aos nossos antepassados. Junto a isso também é revelado a ele quem é sua companheira, e com isso todas as mães da alcatéia prepararam suas filhas em idade de casamento para esse momento esperando que alguma seja escolhida. E Haelena, minha madrasta, não ficava fora desse grupo de mães, ela havia preparado um pequeno enxoval para Ágata um mês antes desta data.

Haelena: Você está perfeita filha!- diz admirando o vestido que havia mandado fazer na melhor costureira da vila.

Ágata: Mãe esse vestido é muito exagerado, estou parecendo um vagalume ambulante com tanto brilho!- reclama deixando a mãe enfurecida.

Haelena: É com este vestido que você vai ser apresentada a toda nossa comunidade como a companheira do Alpha!- ela alisa a saia meio agitada.- Está nas suas mãos recuperar o nome de nossa família!- ela me lança um olhar de desprezo após sua fala.

John: Estão prontas?- meu pai surge do corredor.

Haelena: O que acha John, nossa filha não está belíssima?- pergunta.

John: Não acha que é um exagero, precisa pensar que é pouco provável que ela seja escolhida!- fala enquanto termina de ajeitar a manga de sua camisa.

Haelena: Pelos deuses, John... Seja positivo, está é uma ótima oportunidade para salvar nossa família!- afirma.

John: Já disse que chega deste assunto nesta casa!- sua voz é severa.

Entretanto é claro que este assunto não acabaria por aqui, Haelena nunca perderia a oportunidade de jogar na minha cara que eu havia destruído o nome de nossa família, por simplesmente ter nascido.

Haelena: Ágata chame seu irmão!- ordena.- E você garota, vá arrumar algo para vestir!- simplesmente a encaro.- Ficou surda?- pergunta e eu a ignoro. Ela parece perder a paciência e sem mais arranca de minhas mãos o livro que eu estava lendo.- Vamos sua inútil, me obedeça!- a encaro sentindo uma raiva consumir meu corpo.

John: Fayla vá se arrumar!- meu pai intervém tranquilamente.

Me levanto e passo por Haelena que propositalmente coloca o pé na frente me fazendo cair no chão como um fruto podre que cai da árvore.

Haelena: Own! A coitadinha caiu!- fala cínica.

Meu pai agarra seu braço e a puxa para próximo de si, sem esperar me levanto e corro até meu quarto, mas antes consigo escutar ele falar: "Você está passando dos limites!". E logo escuto uma risada de deboche dela.

Eu nunca poderia entender o por quê de Haelena me tratar desta forma humilhante, e ainda por cima meu próprio pai saber de tudo e nunca interferrido nas maldades da esposa com sua filha.

(...)

Quanto mais próximos da praça onde aconteceria a cerimônia eu podia ver que todos os moradores já ali presentes tinham seus olhares sobre minha família, especialmente em mim como sempre ocorreu. Por sorte o ritual sagrado de posse já estava dando início e toda a atenção foi voltada para aquilo. Aproveito que meu pai e Haelena não estão nem aí para mim e me afasto deles a procura de um lugar mais tranquilo e com o mínimo de gente para ficar. Eu não queria estar ali, nem muito menos que reparassem em mim. Só esperaria mais um tempo e logo fugiria para a floresta pra um passeio com Yumi.

Escuto uma salva de palmas oferecida ao novo Alpha e a sua família, que também é minha família. Me viro e observo meu tio e meu primo Henry subirem no pequeno palco improvisado na praça. E rapidamente imagino como seria se meu pai não tivesse renunciado ao seu lugar de Alpha por minha causa, trazendo muitos mais burburinhos em cima de nós. Naquele palco deveria ser meu pai meu irmão um do lado do outro, mas por culpa do nascimento de uma filha bastarda como eu tudo isso se tornou apenas imaginação.

Xxx: Quem será a companheira do novo Alpha?- ouço alguém.

Yumi: Você tá bem?- pergunta dando sinal de vida.

Fayla: Estou...- cruzo os braços e fecho os olhos aproveitando a brisa gelada do fim da tarde.

De repente sinto um cheiro diferente algo bem atrativo, deixo de lado e volto minha atenção para o palco prestando atenção no discurso do meu tio antes que o ritual se de início realmente.

Yumi: O que acha de sair agora?- sugere e quando eu ia respondê-la o mesmo cheiro de antes ganha minha atenção.

Fayla: Está sentindo esse cheiro?- a curiosidade me domina e sem pensar começo a ir em busca do dono desse cheiro.

Yumi: Yla o que está fazendo?- pergunta confusa.

Passo pelas pessoas sem nem pedir licença e quanto mais eu andava mais o cheiro ficava forte. E de repente lá estava o dono daquele cheiro atrativamente estranho, era Henry. Seus olhos verdes se voltam para mim rapidamente e sinto um choque percorrer meu corpo assim que acontece. E instintivamente ao mesmo tempo nos transformamos em lobos surpreendendo a todos ali presentes.

Eu não podia acreditar, Henry é meu companheiro e eu sou a sua.  Ficamos encarando um ao outro surpresos pelo acontecido. Henry começa a se destransformar e eu faço o mesmo. Ele continua parado, parecendo em um estado catatônico parecia não respirar por um momento e logo eu solto o ar que eu não lembro de ter prendido.

Mas logo Henry age e vira seu olhar para o pai em cima do palco, o mesmo nega com a cabeça como se desse uma resposta para uma pergunta. Rapidamente observo a todos ali e percebo os olhares de reprovação, desprezo e até pena. Nessa hora Henry me olha novamente com uma expressão de tristeza, e se prepara para falar.

Henry: Eu o Alpha do clã dos lobos, rejeito Fayla como minha companheira!- proferiu em voz alta.

E naquele momento sinto um aperto no peito e uma tristeza repentina consumir meu corpo, lágrimas escorrem dos meus olhos e o choro se faz presente. A dor da rejeição é muito pior quando falada e admitida publicamente. Todos estavam ali assistindo a uma humilhação minha.

Ser rejeitada pelo seu companheiro ou companheira significava que você estava condenada a viver sozinha pelo resto da sua vida, sem chances de encontrar alguém novamente.

Sou rodeada por dois braços musculosos e forçada a andar. Levanto meu olhar e vejo meu pai atrás de mim, Haelena e meus irmãos nos seguiam em passos apressados. Estávamos fugindo dali.

O mundo ao meu redor parecia ter parado, as palavras de Henry ecoavam em minha cabeça diversas vezes e a dor do coração partido só pioravam.

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HÍBRIDA REJEITADAOnde histórias criam vida. Descubra agora