Capítulo 10

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A manhã na fazenda surgiu impecável, não havia uma nuvem no céu de Nova Primavera e o tempo seco era o único incomodo que se podia sentir. Antônio despertou e assim que abriu os olhos, lembrou-se que não tinha a esposa ao seu lado. Deixou o travesseiro dela em seu lugar e sentou-se já irritado. Incomodado. Desajustado. Sabia que o dia hoje não seria fácil. O único consolo era a reunião do conselho da empresa, sabia que veria Irene lá. Teria que ser forte, para fingir que estavam separados, mas só o fato de vê-la já o confortava. Após o banho, abriu o guarda roupa e percebeu o quanto era dependente de Irene.

Ela que decidia quais roupas ele vestiria, ele desconfiava que as vezes ela escolhia, propositalmente, roupas que combinavam com a roupa que ela estava usando. Ela que comandava a casa. Por mais orgulhoso que fosse, Antônio sabia que aquela fazenda sem ela era somente uma casa imensa e desorganizada. Eram uma dupla, imbatível.

Ele era temido na cidade, ela era temida na cidade e na fazenda.

Ele era orgulhoso, ela também era, mas não se importava com o fato de que, as vezes, ela tinha que ceder, já que quase sempre, no final das contas, ela estava sempre com razão.

Ele gritava, ela falava baixo, a voz aveludada em seu ouvido e tinha tudo o que quisesse. Ele sempre cedia, por ela.

Essas percepções o fizeram terminar de se vestir em silêncio, assim que terminou desceu para a mesa do café da amanhã que dessa vez, estava farta. Sabendo que Irene não tinha deixado nada para que Angelina prepara-se tudo. Sentou e gritou para a empregada vir ao seu encontro.

— Posso saber pra que tanta comida nessa mesa? Por acaso a gente vai receber alguma comitiva de esfomeados Angelina? — Perguntou seriamente, seco.

— Imagina dr. Antônio, eu só preparei esse café da manhã reforçado por que eu me importo com o senhor, sei que deve estar passando por maus bocados.

— Do que que você tá falando? Hein, fala logo de uma vez...

— Ah Dr. Antônio eu sei que um divórcio não deve ser fácil. O senhor tá sofrendo, com a decisão da Irene.

— E eu posso saber como você sabe que é difícil passar por um divórcio, se você nunca teve ninguém que te aturasse nessa vida? Hein, fala pra mim Angelina! Como você pode saber o que é passar por uma separação?

— Nossa Dr. Antônio, não precisa me tratar assim, eu só queria ajudar.

— Ajuda se ficar calada, se você parar de se meter na minha vida e da Irene. Da outra vez que ela sumiu não tinha um pão nessa mesa, porque você disse que ela que mandava em tudo, agora você resolveu mostrar serviço? Ficou doida é?

— Eu só queria que o senhor tivesse um bom café da manhã antes de ir pra empresa, ou pra cidade... É pra lá que o senhor vai né?

— Não interessa pra onde eu vou, e eu não vou repetir, tá me entendendo. Esse seu jeito de fofoqueira já tá passando dos limites. A Irene sempre teve razão.

— O senhor não pode acreditar nas coisas que a Irene diz/

— Lava essa boca pra falar da minha mulher! — Antônio bateu as mãos na mesa e levantou com o dedo em riste, na cara de Angelina — E erga as mãos pro céu, por que se não fosse por ela você já estaria longe da minha casa, ouviu bem?!

Antônio não deu margem pra resposta. Saiu de casa e foi direto para a pousada, Angelina já havia estragado mesmo o seu humor, precisava ver que Irene estava mesmo bem, se ela estivesse como ele, mudaria de ideia e voltaria pra casa sem discussões.

Ao chegar na pousada perguntou a Nina na recepção se Irene estava no quarto, Nina sabia que Irene já desceria para tomar café por que ela acabará de telefonar para perguntar em que horário o café seria liberado.

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