A sensação de acordar em uma cama sem o corpo do companheiro ao lado fazia mal para ambos. O sono não vinha, e quando vinha era conturbado, Antônio e Irene tiveram uma péssima noite de sono mais uma vez, e dessa vez aquela separação parecia doer mais. Irene já não tinha tanta convicção se essa era a melhor forma de descobrir ou até mesmo barrar os planos de Agatha, queria sua casa de volta, seu marido de volta. E Antônio acordava ainda mais irritado por ter deixado Irene sair de novo pelas portas da fazenda. E as coisas só pioravam quando ele lembrava que Vinícius estava no mesmo corredor que a esposa, hospedado a poucos metros de distância e nada lhe tirava da cabeça que ele ultrapassaria a fronteira que ele mesmo havia colocado.
Não dando brechas para o orgulho e sem pensar muito, Antônio sentou-se na cama e suspirando, sem aguentar mais aquela situação, pegou o telefone e discou o número um gravado para ligar para ela, sempre o número um. Talvez ela nem soubesse disso, mas aquilo só demonstrava que ela sempre esteve em primeiro lugar.
Talvez se tivesse demonstrado mais os seus sentimentos, hoje não estaria mais uma vez acordando sozinho em sua cama. Aguardava a ligação ser atendida e já cogitava desligar, pensando que Irene poderia seguir dormindo, quando ouviu a voz dela do outro lado da linha.
— Antônio? Aconteceu alguma coisa? A Petra tá bem? — Uma nota de surpresa e tensão era perceptível na voz da esposa.
— É impressionante eu não mereço nunca um bom dia seu.
— Claro que merece, eu só acordei assustada. Bom dia...
— Bom dia...
O silêncio seguiu, ambos sem saber qual seria o próximo passo, até que Antônio decidiu seguir a conversa, talvez temendo que ela pegasse novamente no sono.
— Você dormiu bem? Tá com voz de sono...
— Ah eu... demorei pra pegar no sono, confesso. — Irene sentia-se nervosa, parecia uma adolescente trocando confidências com o namoradinho — E você? Dormiu bem Antônio?
— Não. Você sabe muito bem que essa cama é grande demais pra um só...
— É eu sei, a minha mesmo não sendo tão grande também parecia faltar algo. Ou melhor, alguém.
— O que que eu preciso fazer pra você desistir disso? — Antônio perguntou seriamente e ouviu o suspiro da esposa — Será que você não percebe que tá fazendo tudo o que a Agatha mais quer, sem que ela tenha que se esforçar pra isso?
— Antônio, nós já conversamos e concordamos que/
— Não senhora, eu não concordei com nada. Eu quero você na nossa casa. Na nossa cama.
— Eu só tenho certeza de que vou descobrir o que ela quer estando aqui, você não precisa ter medo, eu vou voltar pra nossa casa, pra nossa cama. — Irene dizia isso, mas na verdade esse era o seu maior medo.
— E se eu disser que não me importa mais?
— Não importa mais? O nosso casamento não te importa mais é isso? Quer que eu desista de vez, de tudo, é, realmente é muito mais fácil desistir do nosso casamento mesmo, assim ela não precisa mais se esforçar, você desiste de mim, volta pra ela e acabou.
— Mais uma vez você está colocando palavras na minha boca. Eu disse que não importa mais. Ela não me importa mais Irene.
— Fica difícil acreditar em você quando você desiste tão fácil das coisas que estão relacionadas a mim.
— Como assim? Tá falando do que?
— Na primeira discussão que tivemos, eu fechei a porta pra você e muito facilmente você virou as costas, e como sempre, não lutou por mim, por nós. Como você quer que eu acredite no que você diz, quando você fala uma coisa e age totalmente diferente?
— Você queria que eu ficasse gritando na sua porta? Pelo amor de Deus Irene, quantas vezes eu pedi pra você ficar? Quantas vezes eu disse que não queria você longe de mim? Hein? Fala pra mim!
— Eu detesto quando você grita comigo!
— E eu detesto essa situação. Detesto dormir sozinho, detesto acordar sem você, quero estar na minha cama, com a minha mulher. Não quero você tão longe, não quero não ter você zanzando pra lá e pra cá com os seus sapatos caros. Entenda de uma vez eu quero você! Eu AMO você.
O silêncio de Irene deixava Antônio angustiado. Não sabia mais o que fazer? Seus argumentos pareciam repetitivos, mas eram simplesmente verdadeiros e genuínos.
— Vem tomar café comigo... — A voz dela vacilou, secou uma lágrima que escorreu do seu olho direito e obrigou seu coração a acertar o ritmo novamente. — Vem pra cá me ver...
— Eu não demoro, vou me arrumar e já chego aí! — o silêncio novamente cortou a ligação, e antes de desligar Antônio ouviu a voz dela, vacilando.
— Antônio... Eu tô te esperando.. Não demora.
Desligou a ligação cansado, mas esperançoso, sentia que podia convencê-la a volta pra casa, voltar pra ele. Se arrumou o mais rápido que pôde. Claro que o fato de não ter a roupa separada por ela, só mostrava o quanto era dependente dela, detestava admitir que ela que ditava o seu ritmo, mas era a mais pura verdade. Assim que estava pronto, desceu as escadas apressado, e quase esbarrou em Petra.
— Que isso pai, que pressa é essa? Tem alguém doente, pra você sair assim sem nem olhar pra onde tá indo?
— Que? Não, não tem ninguém doente não, eu só tô com pressa mesmo.
— Mas não vai tomar nem o café comigo?
— Não, tô indo tomar café na rua.
— Deixa a mamãe saber disso hein...
Antônio nem ouviu a última frase dita pela filha, Angelina já estava fincada ao lado de Petra, obviamente buscando saber onde o patrão ia com tanta pressa.
— Credo, mas ele não respondeu nem aonde ia?
— Angelina, sabe que as vezes eu acho que a mamãe tem razão — a mulher mais velha olhou para Petra sem entender a atitude da mais nova — Você cuida demais da nossa vida.
— Eu? Imagina eu só fiquei preocupada...
— Então preocupe-se menos e trabalhe mais, eu tô com fome e a mesa está vazia...
— Claro é que sua mãe demorava pra descer e tomar café...
— Angelina, eu não quero saber. Eu já estou aqui e preciso comer antes de ir trabalhar, é possível?
Angelina assentiu com a cabeça e caminhou em direção a cozinha, Petra sentou-se esperando o seu café e seguia pensativa. Afinal de contas, onde o pai tinha ido com tanta pressa?
Antônio cruzou a cidade e logo que chegou na pousada desceu do carro e caminhou em direção a recepção. Mal deu ouvidos a Nina, só anunciou que subiria ao quarto da esposa, sem maiores detalhes. Chegando ao corredor, avistou a porta e bateu ansioso. Viu a porta abrindo e sem poder se conter encheu o peito de ar. E se sentiu em casa, era o perfume dela, sua mulher.
— Eu disse que não demorava...
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I NEED YOU
Fanfiction#antorene • Fanfic de que parte de uma suposta briga do casal Antônio e Irene La Selva após o retorno de Agatha e depois o reencontro na mansão. Recados: - tentei colocar as falas o mais próximo possível do que as personagens falam na novela, entã...