Capítulo 19

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Raiva, raiva era tudo que Antônio conseguia sentir naquele momento. Pensar que não a tinha protegido o estava torturando. Mas ela agora estava bem. O médico disse. Petra disse. Ele queria entrar naquele quarto de novo, tocar nela mais uma vez, mas isso agora não seria possível.

Ele a viu naquele leito, tão frágil, machucada e com todos aqueles fios ligados a ela, mas ela respirava e ele só sabia acompanhar a respiração dela e isso o acalmava, ela estava viva.

Logo que entrou no quarto se sentiu tão aliviado por ela estar dormindo e não ver que ele chorava por ela, tinha seu orgulho, ela o conhecia bem demais para negar e saberia que ele estava se sentindo péssimo. Já tinha visto algumas pessoas morrerem, muitas vezes por que ele quis, ele havia encomendado o fim de algumas vidas, mas ela era a sua mulher, ela era totalmente diferente, ver aquele sangue na roupa dela, o sufocou.

- Irene... Eu - tentava dizer, mas a voz falhava - Eu preciso que você me perdoe. Eu preciso que você fique bem logo, por que eu não sou ninguém sem você. Eu não sei viver uma vida, sem que você esteja lá ao meu lado. Eu...


A fala do fazendeiro novamente foi cortada quando seu telefone tocou, com um número desconhecido apitando em sua tela, era a quinta vez que o número ligava, ele beijou a mulher, um selinho de até logo, e saiu do quarto para atender a ligação.

- Alô

- Finalmente você atendeu o telefone Antônio...

- Mas o que... Agatha?

- Sou eu mesma, como a Irene está? Ela se machucou muito?

- O que você sabe sobre esse acidente Agatha? Fala logo de uma vez.

- Bom eu não sei muita coisa, quando a Irene desligou o telefone eu não consegui ouvir ela batendo o carro.

O sangue de Antônio gelou, tinha sido ela. Agatha que tinha provocado aquele acidente e nem fazia questão de negar, de fingir que não tinha sido ela a culpada de tudo.

- Eu vou te matar.

- Oh, calma, não diga bobagens meu querido.


- Eu vou matar você, você quase matou a Irene sua desgraçada

- Ah nem me fala, eu nunca vou me perdoar por ter falhado... Ela viva não é motivo pra eu ter orgulho né?

- Eu vou caçar você e eu vou fazer você entrar de verdade daquele caixão que você deixou vazio sua bandida.

- Você não vai fazer nada. Você vai ficar bem quietinho meu querido, por que senão eu mato de verdade a Irene, ou quem sabe a Petra...

- Você não seria capaz disso... tá blefando

- Ah é, paga pra ver... Bom e também não seria a primeira vez não é?!

- Da pra ser clara, esse joguinho de palavras te me irritando ainda mais

- Tô falando do Daniel, o filho que você queria que fosse o seu sucessor no lugar do Caio.

O choque o fez sentar no sofá da recepção, e o ar novamente lhe faltou, a cabeça doía, ele mal lembrava se tinha tomado a medicação para a pressão alta que Irene tanto brigava com ele para tomar.

- Foi você que matou o meu filho? Como você nem estava na cidade naquela época? Você tá mentindo.

- Na verdade eu tive ajuda de uma pessoa, a mesma que me ajudou no carro da Irene, mas dessa vez ele me decepcionou, ela ainda esta viva, já o Daniel...

- Eu vou acabar com você, você vai se arrepender de ter ficado viva

- Ta, agora que nós já trocamos as gentilezas, eu estou aqui na pousada te esperando

- Então espera sentada, e com um colete por que eu vou encher você de bala

- Aham, vai sim... Antônio se você não vier bem calminho me encontrar, eu termino com a vida da Irene de vez, e da Petra. É isso que você quer?

- O que que você quer comigo?

- Você só vai saber quando chegar aqui... até logo.

Antônio só ouvia as ameaças dela e sentia mais ódio, como era possível estar vivendo esse inferno por causa da mulher que ele foi tão devoto? Criou um monstro, o monstro que tinha feito Irene se acidentar, que tirou a vida do seu filho do meio, e que agora ameaçava Petra.


Antônio sabia que não poderia falhar de novo e antes que a coragem lhe faltasse, entrou no quarto pela última vez, se aproximou calmamente de Irene, preocupado em não acordá-la, novamente deu um selinho em sua boca e passou as mãos nos cabelos castanhos as esposa.

- Eu prometo que ela nunca mais vai machucar ninguém da nossa família! Eu prometo Irene.

E foi assim que ele saiu do quarto, saiu daquele hospital, decidido a resolver de forma definitiva toda aquela situação, ele só não esperava que Agatha o mataria em vida, e consequentemente, seguiria ferindo o coração de Irene. Estavam ligados, pelo menos por enquanto.


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