Capítulo 6

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Depois de tomarem um banho cheio de carícias, Irene e Antônio comunicaram a Silvério que estavam indo até seu escritório e se surpreenderam com a afirmação do advogado que disse que os aguardava e que tinham que realizar uma reunião com urgência. O fato trouxe aos dois apreensão e curiosidade. Terminaram de se arrumar e ao saírem do quarto, encontraram Angelina limpando próximo a porta da suíte do casal.

Ambos seguiram sérios rumo a porta da casa, e quando estavam entrando no carro perceberam que Angelina seguia os passos dos dois.

— Angelina por um acaso você quer me pedir alguma coisa? Tá me seguindo que nem uma sombra porque criatura? — Irene perguntou sem paciência, antes de entrar no carro com o marido.

— Eu? Imagina, só tô achando estranho você saindo sempre de casa... Só isso.

— E por um acaso eu te devo satisfação da minha vida desde quando? Eu saio da minha casa quantas vezes eu quiser.

— Vambora mulher, tamo atrasado já. — Antônio chamou Irene impaciente, já dentro do carro.

— Mas vocês vão sozinhos? O Ramiro não vai dirigindo?

— Angelina vai lavar uma louça vai. Onde já se viu, patrão dando o roteiro do dia pra empregado. Era só o que me faltava — Antônio resmungou alto, enquanto via a esposa sentar no banco do passageiro ao seu lado.

O casal seguiu rumo ao escritório e chegando lá, encontram Silvério em sua sala, com outro homem. O homem vestia terno e gravata e parecia bem sério.

— Boa tarde, interrompemos algo? — Irene foi a primeira a falar logo depois de abrirem a porta da sala do advogado.

— Imagina dona Irene, como vai doutor Antônio?

— Mais ou menos, vou ficar bem depois que você resolver os meus problemas Silvério.

— Eu sei que nós viemos de última hora, mas é urgente, podemos esperar na recepção até você terminar de falar com o senhor...?

— Renato. Muito prazer — disse o homem, pegando a mão de Irene para beijar o dorso, fazendo Antônio fechar ainda mais a cara.

— Não é preciso que os senhores esperem, o Dr. Renato está aqui justamente por causa dos senhores. Sentem-se por favor.

— Por nós? Mas eu nem conheço esse cara Silvério... — Resmungou Antônio enquanto sentia a mão da esposa em sua perna, claramente pedindo que ele se acalmasse.

— Eu vou explicar. Eu já estou sabendo do retorno da sua primeira esposa a cidade. Ouvi os boatos e quando eu soube que ela retornou logo após sair da penitenciária do Rio de Janeiro, tomei a liberdade de investigar o processo que ela responde. — O casal o olhava seriamente, ainda sem entender a presença de Renato na reunião.

— E daí? Eu ainda não entendi onde ele entra nessa história. — Antônio seguiu questionando.

— Confesso que eu me surpreendi com tudo que li no processo que ela responde. Primeiro pelo fato de ela nunca ter pedido ao senhor o divorcio, já que claramente forjou a própria morte para escapar do casamento com o senhor.

— Tô sabendo.  — Antônio que até o momento tinha as mãos cruzadas, endireitou a coluna e seguiu — Ela fez questão de jogar isso na minha cara. — Irene revirou os olhos e cruzou as pernas já impaciente.

— Depois eu fiquei intrigado com o fato dela nunca ter pedido a guarda do Caio, o direito a visita ou algo do tipo.

— Se ela quisesse notícias do Caio ela até poderia ser chamada de mãe, mas na realidade ela é só uma vigarista mesmo. — Irene criticou a rival sem rodeios, o que fez Renato sorrir, Antônio o encarou enciumado, o que fez Renato fechar novamente o semblante.

— Fala logo Silvério, para de enrolação homem!

— Bom, é aí que o Dr. Renato entra na história. — O homem acenou com a cabeça e seguiu calado — O Dr. Renato é o promotor que acusou e ajudou a condenar a Agatha lá no Rio de Janeiro.

— Ah, eu fico feliz de saber que existem pessoas sensatas — Irene elogiou o advogado enquanto encarava o marido — e que não caem no papinho da vigarista que a Agatha é. Sabe Dr Renato eu já adoro o senhor.

— Chega Irene, eu já entendi a indireta.

— Quem falou que foi indireta. Foi uma direta mesmo.

— A questão é que eu entrei em contato com o Dr. Renato para saber exatamente o que houve na época e eu confesso que o que ele me contou me assustou. Perguntei se ele poderia vir a Nova Primavera para conversar com os senhores e se o senhor não tivesse me ligado, eu o teria levado até a fazenda.

— Eu fiz questão de vir do Rio de Janeiro Dr. Antônio, essa mulher é ardilosa e eu não podia permitir que seus golpes continuassem em outro Estado.

— Mas o que foi que a Agatha fez de tão grave, meu Deus, que vocês ficam rodeando, rodeando e não falam de uma vez caramba!

— Ela matou o marido  — Renato disse sem rodeios, deixando o casal sem reação.

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