Capítulo 15

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Suados e grudados, não tinham a menor vontade de sair da cama, do quarto, mas havia um mundo do lado de fora. Um mundo onde Agatha existia, um mundo onde os problemas no casamento eram reais e evidenciados a todos naquela pequena cidade.

— Antônio, a gente precisa levantar

— Precisa não, aqui tá bom demais — Antônio a calou com beijos, selinhos que pareciam não saciar nenhum dos dois. Como dois recém casados quando do lado de fora, no mundo, Agatha estava morta

— Daqui a pouco eu vou cobrar aluguel do meu quarto...

— Se você não voltar pra casa comigo, hoje, eu alugo todos os quartos dessa pensão fuleira e venho pra cá... simples!

— Era só o que me faltava, vai despejar os hóspedes por um capricho seu?

— Dormir com a minha mulher não é capricho, é o mínimo que eu quero no nosso casamento!

— Mínimo? E o que mais você quer do nosso casamento?

— Quero tudo, tomar café na cama com você, levar você pra jantar nesses lugares chiques que você faz tanta questão de conhecer, quero beijar você na frente de todo mundo, mostrar que você é minha, toda minha...

— Você nunca gostou de me levar em restaurantes chiques e você sabe muito bem que esse negócio de ficar me beijando na frente dos outros é desnecessário Antônio...

— Eu quero ter o prazer de ver a inveja correndo cada homem que olha pra minha mulher

— Credo isso soou totalmente machista Antônio...

— Não me julga não, eu quero ter esse gostinho, principalmente se o geólogo estiver na área, vou logo cortar as asinhas desse gavião que anda te cercando...

— Deixa de ser bobo, o Vinícius é só um homem gentil

— Você acha a Agatha gentil? Por que essa calmaria aí some quando você está perto dela...

— É totalmente diferente, vocês tiveram uma relação, um filho

— Isso foi a mais de 30 anos Irene

— Mas me pareceu bem recente, quando você ficou hipnotizado por aquela mulher quando ela apareceu naquele jantar lá em casa

— pronto, oh aí, outra vez esse assunto, nosso dia não vai terminar com você gritando comigo nem que você queira — Antônio encerrou a discussão quando levantou-se e se dirigiu ao banheiro do quarto, deixando Irene na cama, enrolada em um dos lençóis que ambos se amaram.

Irene seguia tentando superar e se acalmar, mas essas lembranças pareciam cravadas em seu peito, como um punhal. Ouviu uma batida em sua porta, levantou o mais rápido que conseguiu, mas não conseguia encontrar suas roupas, o quarto estava uma bagunça, encontrou a camisa de Antônio, que em seu corpo parecia um vestido, tentou arrumar os cabelos, mas não conseguiria melhor em nada a sua situação, as batidas seguiam, impacientes, ela abriu sem antes mesmo olhar quem estava do outro lado da porta. Quando ia abrir um sorriso gentil, deu de cara com Agatha. Como um fantasma em sua porta, Irene travou o maxilar e fez mentalmente uma contagem regressiva, queria saber quantos segundos levaria pra voar na garganta da ex-defunta

— Posso saber o que é que você quer batendo na minha porta? Já vou logo que avisando que eu já tenho uma instituição de caridade para contribuir.

— Caridade? Do que que você tá falando?

— Ué você vive pedindo dinheiro a todos dessa cidade, como uma mulher carente, carente de dinheiro, carente de amor, carente de caráter... enfim.

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