Dividimos o mesmo sobrenome, mas não somos iguais.

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Jimin

Eu estava me sentindo meio mal ontem e pra piorar a situação eu ainda estou. Fiquei com falta de ar e estava sentindo meu peito mais pesado do que o normal. Decidi relevar e continuei escrevendo poesias. De manhã, quando o Jin veio me chamar eu tomei meus remédios e fiquei uns minutos no oxigênio que eu tenho aqui em casa.

Agora todo mundo está chegando para o churrasco que meu pai decidiu fazer DO NADA. Sempre que isso acontece ele vai dar alguma notícia ou coisa assim. Espero que seja algo bem grande porque ele convidou a família inteira e o bando de pobres dos meus amigos.

— Ei, Jijico, tá se sentindo bem? Você tá meio avoado e tá com o olhar caído.

O Quindim é o meu pai número dois, do tempo que ele tá aqui desde hoje de manhã, ele já veio no meu quarto 4 vezes pra ver se eu tô melhor.

— Tô bem, velhote. Fica de boa, eu só tô com um pouco de falta de ar, mas nada que o oxigênio não resolva. — Respondo, brincando com os dedos.

— Tá bom, então, a Mary já tá aí. Posso mandar ela subir? — Assenti e abri um sorriso, a companhia da Mary é muito boa, acho que na vida passada dela ela era uma fada ou um ser muito alegre, porque pensa numa menina engraçada e de bem com a vida.

Ninguém nunca sabe quando ela tá triste porque é impossível identificar qualquer semblante de chateação nessa querida.

— JIIII, QUE SAUDADE, SEU BOBÃO!! — ela entra no quarto sem bater e corre pra me abraçar, além de me dar um cascudo por não ter ligado pra ela ontem no horário de descanso dela, mas ela estuda demais precisava descansar, né?!

— Oi, Mary, como andam as coisas? — pergunto curioso, faz tempo que a gente não conversa.

— Naquelas, né, Ji, ontem eu perdi um paciente e chorei muito. Era o seu Manuel, ele tava muito mal e era meu melhor amigo paciente dentro daquele hospital, confesso que a morte dele me abalou muito!

— Nossa, eu sinto muito, você sempre falava do seu Manuva, espero que você e a família dele fiquem bem.

Fiquei triste por ela, a Mary sempre me fala dos pacientes dela e é sempre com um brilho nos olhos. Não sou religioso, mas se Deus existe mesmo, ele fez a Mary exatamente pra essa profissão.

— O seu Manuva não tinha família, só um irmão distante que nem vai vir pro enterro... Eu arquei com os custos do cemitério porque se não ele ia ser enterrado num caixão de papelão. A gente não pode fazer isso mas foi anônimo e eu espero que ninguém descubra!

— Mary, você é incrível, eu te admiro muito!

Depois da nossa breve conversa, o restante do pessoal começou a chegar. O Hobi, o Tae e o povo falso da minha família, não suporto quase ninguém da família do meu pai, mas sou obrigado a conviver. Porra, eles me tratam com pena e acham que eu sou triste por ter fibrose, se eles soubessem o tanto de merda que eu já fiz sendo um mero "doente" eu calaria a boca de todo mundo.

— Neném, como você tá, meu lindo?

— Oi, teteco, eu tô bem e para de me chamar de neném na frente desses homofóbicos.

O Tae é um dos integrantes do nosso grupinho de amigos, ele é arquiteto e projetou meu quarto todo quando tava na faculdade, porque segundo ele o meu espaço era "muito sem graça". Conheci ele quando viajei pra França há 10 anos atrás, e sim ele é metade francês e veio pro Brasil estudar, segundo o pai dele que é brasileiro, viver no Brasil é um barato e ele seria mais feliz aqui.

Era uma vez um artista | JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora