Era uma vez um artista | Jikook

No palco do amor, o ator anunciou: Que sejamos uma obra-prima de paixão.

🚨 CONTÉM SÉRIOS GATILHOS NESSE EPISÓDIO 🚨

Jungkook

O medo era uma sombra fria, sempre presente, que sussurrava promessas de solidão. A angústia, como uma tempestade que nunca se dissipava, encharcava a alma com gotas de incerteza, cada uma pesando mais do que a última, transformando sonhos em névoa e esperança em desespero.

Medo.

Angústia.

Acordei assustado mais uma vez, achei que finalmente havia me livrado daqueles malditos sonhos, que sempre me sufocaram. Quer dizer, eu até me livrei de alguns em específicos, os que eu não gosto nem de citar, mas, dessa vez… dessa vez eu sonhei algo que mexeu de verdade comigo. Para ser sincero, não são bem sonhos e sim lembranças. E são todos os dias, todos os santos dias os mesmos devaneios, as mesmas memórias e vultos, como se fosse um looping, um filme insuportável que me deixa desesperado e agoniado.

Eu não queria me lembrar.

Eu não tenho memórias muito boas da minha infância, nem muito complexas, elas são vagas e vazias, mas o suficiente para, de alguma forma, terem me traumatizado. São o suficiente para eu ter noção do que eram e infelizmente me lembrar de tudo.

Passei as mãos pelo rosto enquanto sentia um gosto amargo na boca. Meu coração faltava pular para fora do meu peito, o suor escorria pelas minhas têmporas e pescoço, se espalhando por todo o meu tórax. Num lapso de desperte, me pego sorrindo quando vejo Jimin deitado ao meu lado, ressonando tranquilo e calmo, com o oxigênio e um biquinho. Pude me sentir mais calmo.

As coisas não estão muito fáceis para ele, mesmo que eu tente disfarçar, me acalmar e às vezes até me enganar, eu sei de tudo o que ele está passando. Das dores, dos sangramentos e de como ele tá fraco e cansado.

Jimin cospe sangue constantemente, e o médico disse que é normal e que não há nenhuma maneira de retardar esse muco expelido por seu corpo.

Ver ele assim está acabando comigo, é como se eu estivesse adoecendo junto com ele, como se parte de mim sentisse tudo o que ele sente.

Como se eu não pudesse respirar por ele, e dói. Dói muito.

Mas eu não sinto, apenas ele sente.

Já estamos em Junho, está perto dele completar o segundo ano em que descobriu a gravidade de sua condição.

Segundo ano, meu Deus, Minha Nossa Senhora Aparecida, segundo ano…

Que vontade de cravar minhas unhas na pele e afundar minha mão até que eu consiga arrancar meus dois pulmões na unha, só para eu poder dar ao meu Jimin a sensação de respirar sem um oxigênio artificial. Só pra ele nunca mais precisar cuspir aquele líquido avermelhado que o faz sentir dor.

Durante toda a minha vida, eu nunca estive tão apreensivo, tão angustiado e preocupado.

Eu juro que se eu pudesse, eu genuinamente doaria meus dois pulmões para ele. Pra ser sincero, eu me doaria por completo.

Mas, mesmo que ele esteja quebrado e sofrendo, Jimin nunca tira o sorriso do rosto, nunca deixa de fazer as coisas que gosta. Ele não está em estado grave e nem vegetativo, mas sua saúde está muito prejudicada, muito mesmo.