Jimin
O branco é a ausência; tudo aquilo que em sua vida está ligado à privação e à perda é branco.
Eu estou ausente de mim mesmo.
Hoje o dia está mais do que chato, está insuportável. Tive que lidar com uma velha carcomida de caráter duvidoso que ficou puta porque o quadrinho que ela queria tinha sido vendido. Agora me fala, que caralho de culpa eu tenho nisso? Eu sou só um recepcionista, cara.
Só sei que eu tive que me controlar muito pra não pegar o cilindro de oxigênio que estava do meu lado e tacar na cabeça dela, muito mesmo…
Eu venho me sentindo muito irritado esses dias, e sem motivo nenhum.
Mas essa desgraçada me deu motivos.
Agora eu tô no final do meu expediente, estressado, com fome e suado. Já estamos no final de março e o verão acabou, mas o calor continua de matar. Não fiz muita coisa nesse meio tempo depois dos meus familiares descobrirem o avanço e blá, blá, blá.
Já faz um tempinho que eu não vejo meus amigos, confesso que estou com saudades. O Tae voltou a trabalhar com a arquitetura. O Hobi abriu um consultório e agora está focando só em nutrição. O Jungkook está se matando na faculdade, mas é tão lindo o jeito que os olhinhos brilham enquanto ele fala de lá. O Yoongi já está atuando na área dele. O Namjoon administra a academia e dá aulas numa escola particular. A Mary está no último ano antes de se formar, mais maluca e distante do que nunca, e o Jin está bastante ocupado com a cafeteria, mas muito feliz.
Todo mundo está seguindo, enquanto eu continuo parado no mesmo lugar.
Falando em Jin, ele me chamou pra ir lá depois do trabalho. Eu ia recusar, mas não custa nada, né? Eu não tô fazendo nada mesmo.
— Ei, Jimin, pode deixar aí que eu finalizo. Vai pra casa! — ouço a voz da minha gerente, ela é uma pessoa muito boa, gosto bastante dela.
— Opa, Márcia, pode deixar, eu já tô finalizando aqui! — Sorrio pra ela enquanto ajeito uns documentos na minha mesinha.
— Deixa de ser teimoso, menino, anda logo, vai pra casa.
Sorrio e assinto, me dando por vencido, eu realmente preciso ir embora.
Eu sei que ela só faz isso porque eu sou "doente", porque preciso de “cuidados especiais”. Confesso que não curto muito essas atitudes, se tem uma coisa que eu odeio é que sintam pena de mim.
Odeio mesmo.
Peguei minha mochila com as coisas e meu oxigênio, me despedi da Márcia e fui andando devagarinho em direção ao carro. Olha, até andar muito rápido está destravando crises de dispnéia, então eu ando igual um velhinho pra não passar mal. Guardando tudo no porta malas e entro, vou passar em casa e tomar um banho antes de ir pro Jin, acho que vou dormir na casa dele hoje.
Acho não, tenho certeza.
Pra aliviar um pouco essa tensão e clima ruim que eu mesmo criei em cima de mim, decido ligar uma musiquinha, pra ir cantando enquanto dirijo pelas ruas de Copacabana.
Só que a rádio não teve muita pena de mim e decidiu que, sim, eu choraria ouvindo música.
“Vamos dançar com estilo, vamos dançar um pouco.
O céu pode esperar, estamos apenas observando o céu.
Esperando o melhor, mas esperando o pior
Você vai soltar a bomba ou não?
VOCÊ ESTÁ LENDO
Era uma vez um artista | Jikook
Fiksi Penggemar⚠️NÃO É SAD FIC!⚠️ (Em revisão) No calor das praias do Rio de Janeiro, Jimin, um estudante de artes plásticas e aspirante a poeta, enfrenta a Fibrose Cística, uma doença hereditária e de certa forma, incurável, com determinação e paixão pela arte. J...