Just Friends (Rafa Kalimann/You Intersexual)

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Rafaella Kalimann POV 

Eu, Fla e Marcella saímos da última reunião do dia com a Maybelline e seguimos para o carro. Eu comecei a sentir dor na região pélvica poucos minutos antes, mas começava a intensificar a ponto de me fazer andar lentamente.

– Está com dor?- Mar questiona preocupada, me abraçando de lado pra me ajudar a caminhar.

– Sim…- Murmuro quase sem voz, respirando fundo ao entrar no elevador. 

– Trouxe seu remédio?- Flavina pergunta.

– Dentro da bolsa.- Respondo de olhos fechados. 

Antes do elevador fechar, Marcella segurou a porta e Flavina saiu. Fiquei ali respirando fundo, soltando murmúrios de dor e logo minha prima retorna com um copo de água na mão. Me entregou o comprimido e a água, e tomei o medicamento.

Saímos do prédio minutos depois, eu não iria conseguir dirigir, então Flavina quem fez isso. Aproveitei pra mexer no celular, vendo algumas mensagens dos meus amigos e da minha namorada. Respondi ela e alguns dos meus amigos, indo pro meu insta postar algumas fotos. 

Um tempo depois nós chegamos em casa. Encontrei apenas Gorete prestes a ir embora. Nos abraçamos carinhosamente e ela me ordenou tomar o chá que ela deixou preparado.

– A Marcella disse que não precisava fazer o jantar hoje.- Gorete comenta me encarando.

– Sim. Nós vamos preparar a comida.- Respondo sorrindo. 

Após garantir que tomaria todo o chá, ela foi embora e eu subi para o meu quarto. Fiquei de molho na banheira por tempo suficiente pra minha dor diminuir bastante, me deixando mais aliviada. Fazia muitos anos que eu não sabia o que era sentir cólica, voltar a ter essa dor estava me deixando o caos. 

Após vestir um conjunto de short e cropped brancos de algodão, prendi meu cabelo, deixando fios soltos nas laterais e saí do meu quarto. Encontrei meus filhotes no final da escada, rapidamente me deitei perto deles, dando e recebendo carinho. Podia ouvir minhas primas na cozinha ouvindo música e conversando. 

O que nos chamou atenção foi a campainha tocando. Imaginei que fosse a minha namorada e logo confirmei minha hipótese quando ela entrou na cozinha com minha cunhada. Não consegui nem falar um 'oi' quando avistei o buquê de flores nos braços da minha libanesa e seu sorriso sapeca na minha direção. 

– Boiolice das braba agora, vou gravar.- Ouço a voz da Hana. 

– Oi, meu amor.- S/a diz fofa, caminhando até mim.

– Oi…- Sussurro sem piscar. 

– São pra você.- Diz me entregando o buquê lindo. 

Entre as diversas flores havia uma imagem da pintura de Van Gogh, A Noite Estrelada. Percebendo isso pude entender que as flores eram das mesmas cores da pintura, quase uma réplica em matérias diferentes. Aquilo fez meus olhos marejarem de emoção, ver as flores azuis com detalhes brancos representando a noite e as estrelas em meio àquelas flores amarelas foi demais pro meu coração aguentar.

Aquele era um ato de romantismo que eu nem cogitei pensar em viver. Não estava conseguindo processar a informação.

– S/a…- Sussurro meio perdida, deixando uma lágrima cair.

– Eu vi na Internet e achei que você gostaria.- Comenta dando de ombros.

– Eu amei.- Afirmo sorrindo frouxa, mordendo o lábio.- Pai amado, eu não sei lidar com você não.