Just Friends (Rafa Kalimann/You Intersexual)

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Rafaella Kalimann POV

Não, não, não! Não era possível que o universo estava me punido dessa forma. O que eu tinha feito pra receber esse castigo, afinal?

A cena da S/a se afastando e indo embora deu um pane na minha mente que me deixou completamente travada por uns poucos segundos. A ideia dela ter entendido aquela situação errada me desesperou.

– Rafa?- A voz de José me tirou da minha pequena crise.- Desde quando cê é lésbica? E a quanto tempo você tá namorando com ela?

Eu ainda estava de costas para ele, encarando o local vazio por onde a minha libanesa passou, mas ao ouvir a voz dele soando, uma irritação desumana me dominou.

– Chega!!- Exclamo séria virando pra o encarar. José se assustou com minha fala agressiva.- Loreto, eu sei que você tem muitas esperanças da gente voltar, mas eu preciso que ouça bem o que eu vou falar.- Falo irritada e gesticulando muito. Minhas primas já não estavam mais ali e isso me deixou mais confortável pra ter uma conversa franca com o meu ex.- Nós não vamos voltar, eu não sinto nada além de um carinho amigável por você e isso não vai mudar. Eu aguentei suas falsas frases de superação no domingo, aguentei o desconforto em que você me colocou e escolhi não dar margem pra esse assunto virar uma bola de neve, mas virou! Tudo porque você não quer aceitar que eu não quero mais nada com você.

Ele apenas me encarava levemente assustado e muito constrangido. Eu não queria explodir, mas esse assunto estava afetando meu relacionamento que ainda está em construção. Não posso deixar isso acontecer.

– Rafa, eu…- Tentou falar, mas eu ergui a mão impedindo que ele continuasse.

– Por favor, só… vai embora.- Peço ainda com o resto de sanidade que me restava.- Não temos mais nada e não vamos ter porque eu amo apenas a S/n.

Ficamos nos encarando por um tempo sem falar nada até que ele suspirou pesado, abaixando os ombros em desanimação.

Eu sentiria pena se essa merda toda não tivesse acontecido pelo simples arrependimento corrosivo que ele sentia. Eu tinha feito tudo que poderia fazer por nós dois quando estávamos juntos -óbvio que eu só queria seguir minha vida com a "certeza" de que eu e a S/n não voltaríamos-, mas não demos certo e ele já passou dos limites.

– Não quero ter que passar por mais situações desconfortáveis sobre um relacionamento que não temos mais. Então peço que me respeite como você tanto disse.- Finalizo passando a mão no cabelo aflita.

– Tudo bem.- Diz por fim.- Me desculpa.

Fechei os olhos rapidamente, soltando um suspiro e logo guiei o ator para o portão. Ele foi embora em seguida fazendo eu me sentir mais aliviada, porém tinha mais coisas pra resolver agora mesmo.

– Estou indo onde a S/n.- Falo alto para os outros que estava na área externa me encarando.

– Vai logo. Não quero que a minha nora ache que alguém está ocupando o lugar exclusivo dela aqui.- Minha mãe diz me fazendo rir levemente junto com os outros.

– Toma, Rafa.- Meu sogro se aproxima e me entrega uma chave.

Agradeci o mais velho, peguei a minha moto elétrica e saí dali rapidamente. Em poucos segundos cheguei em frente à chácara da libanesa. Abri o portão com a chave e coloquei a moto no gramado. Rapidamente os filhotes da cantora pularam em mim, me fazendo sorrir e acariciá-los.

Depois disso eu entrei na casa, procurando pela S/n. Adentrei todos os cômodos do andar debaixo sem obter sucesso, assim segui para o quarto da libanesa. A porta estava levemente aberta e ao entrar silenciosamente, eu a encontrei deitada na cama, encarando o teto pensativa com os fones no ouvido.