𝗉𝗋𝗈́𝗅𝗈𝗀𝗈

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D.

Era um dia de sol
e eu queria ver chuva.

As árvores do bosque me engoliam
como gigantes encobrem aldeias inteiras.

O pânico se alastrava por mim
correu pelo meu sangue,
deixando a pele cálida com frio.

Tomou minha voz
ao ponto de não conseguir falar.

Coiotes corriam atrás de mim
como se almejassem mais
que o prestígio do alfa ao me despedaçar.

Não permitirei que terão sucesso
nessa missão.

Vejo minha família a minha frente,
eles sorriem como nunca vi antes,
sorrisos tão largos e não param de crescer até suas bocas rasgarem e os lábios, as línguas, ossos e dentes, caem no chão.

Estou paralisada.
Devo fugir ou ajudar?
Lágrimas correm sobre a minha bochecha, como eu deveria correr
pela grama.

Os outros estão chegando,
tenho de ir, mas
meus pés não saem do lugar.

O mato me sufoca,
meus pulmões são incapazes de abrirem-se para o suspiro da vida.

O cabelo loiro cai à
frente dos meus olhos.

Respiro pela boca.

Ouço os gritos de ameaças em tons tenebrosos.
Me proíbo de desistir.
Volto a correr.
Rápido. Rápido!
Sou a corça em meio a caça selvagem,
mas eles não vão me pegar.

Sem Tempo Para MorrerOnde histórias criam vida. Descubra agora