𝖽𝗲𝘇𝖾𝘀𝗌𝗲𝗂𝘀

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Debbie

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Debbie

Ele me deixou numa rua azul. Eu disse que sabia onde era, mas eu menti.

Assim como menti sobre onde morava, jamais daria meu endereço àquele sem noção que surgiu do Inferno.

Só não queria ficar perto dele naquele momento, já que seria perigoso ir, então eu realmente não deveria, mas...dane-se. Eu queria ter ido.

Vai se foder, você é suicida?

A voz da razão explode dentro da minha cabeça e eu me nego a lhe dar atenção.

Se passasse mais um minuto dentro daquele carro, imploraria pra ir a qualquer lugar em que não ficasse sozinha.

Por isso fui para onde com certeza não teria chance de ficar a sós com meus próprios pensamentos; o píer.

Segui o cheiro da maré e a multidão acalorada. A vista para o oceano é reconfortante, vejo as ondas se formando ao longe e algumas pessoas caminham no corredor de madeira.

Tem um balanço na entrada onde muita gente parou para tirar fotos, eu só continuei buscando ordem em meio ao caos.

É irônico que há alguns dias atrás tudo do que eu fugiria era isso e agora o caos é o ar que respiro.

Uma moça de pele clara e cabelo castanho preso em um coque lê um livro encostada no anteparo do píer, que a impede de cair no mar.

- Gosta do livro? - pergunto por impulso. Nem pensei antes de falar.

Por sorte ela ergue lentamente o canto esquerdo dos lábios, de frente para mim assente em um movimento discreto, tirando a atenção das páginas.

Ela gira a cabeça para a esquerda e encara-me intrigada.

- O que faz aqui?

- Poderia perguntar o mesmo. - indico o objeto em suas mãos, recém-abaixado.

A mulher revira os olhos e os volta para mim cheia de ódio, aparentemente, por não ter respondido.

- Eu estava ocupada. - reclama.

- E eu apenas te fiz uma pergunta. - retruco, muito pertinente.

Ela aperta os olhos, como se pudesse me fuzilar.

Reparo que o castanho intenso de seu cabelo reflete em suas irís, profundas e chocantes.

Ela tem o tipo de beleza pertubadora que é de parar o trânsito.

- Dá proxíma vez, tenha um papo melhor.

Assim, a mulher estilosa dá as costas e sai, balançando atrás de si o sobretudo branco de couro perolado.

Sem Tempo Para MorrerOnde histórias criam vida. Descubra agora