𝖽𝗼𝗂𝘀

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Kael

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Kael

Abro os olhos com dificuldade, minha visão é turva e embaçada como se um furacão tivesse passado através de mim.

Sinto pontadas de dor como facas nas minhas mãos.

Vidro.

São estilhaços de vidro do painel, tiro o capacete apesar de minhas mãos estarem em chamas e uma naúsea repentina me atinge assim que levanto a cabeça.

Merda, eu posso ter matado aquela loira.

Ignoro o mau-estar e espero minha visão se reestabelecer ao ponto de distinguir um palmo a minha frente.

Quando tudo começa a ficar mais claro, ergo três dedos na linha dos olhos e espero até perceber que vi exatamente os três, então levanto depressa.

Péssima ideia, minha mãe diria.

Que bom que ela não está aqui agora, então posso resmungar à vontade.

Foi uma péssima ideia.

Tenho ânsia de vômito, minha cabeça gira por alguns segundos, o que me leva a dar alguns passos para trás e outros para o lado direito, feito um bobo da corte.

Fico parado, apoiado no tronco de um coqueiro e fecho os olhos, aguardando o momento em que me sentirei menos zonzo.

Pessoas falam; Você está bem?
Conhecem ela?
Será que o rapaz não a viu?
A menina está de verde!
Ela segura uma blusa verde.
Já deve ter visto-a antes.
Pode ter sido intencional...

Ergo a moto do chão, deixando os pedaços arruinados e dois ponteiros do painel para trás. Empurro o veículo para abrir caminho até a moça caída, cercada de gente.

Pode ter sido intencional...

O comentário se revira na minha mente.

- Você está bem? - um homem pergunta para mim.

Ele é velho, usa uma polo azul, calça capri bege e cinto de couro marrom. O clássico vovô de Beverly Hills.

- Sim. - respondo, continuando a caminhar com a moto, sendo observado por aquele grupinho de pessoas que parou metade da avenida.

Finalmente entro na roda que a multidão formou e encontro o filho da puta que estava dirigindo a caminhonete que me fechou lá atrás.

Por isso tive de desviar a rota e pegar uma ou outra rua pela quais não passo normalmente. O desgraçado virou o carro com tudo pra cima de mim e me fez acelerar para não ser pego por ele, o que me levou a frear em cima da mulher loira caída no chão.

O cabelo dela está molhado, usa roupas de academia; calça legging preta e top branco. Aparenta ser bem jovem, tem no máximo vinte anos.

Espero que esteja respirando, parece tão imóvel no chão, de um jeito que acho que ela pode apenas estar dormindo, alheia a confusão ao seu redor se desenvolvendo.

- Você! - o homem aponta para mim assim que me vê.

- Eu. - repito incrédulo.

- Foi você que fez isso com ela! - grita como se me acusasse em um tribunal, apontando o dedo indicador na minha direção.

- Porque você me fechou! - argumento excluindo a parte da perseguição.

Ninguém precisa saber dos meus problemas.

A sorte da garota - se estiver viva - foi eu ter freado primeiro, porque tenho certeza que aquele babaca não tinha visto ela e se tivesse, não creio que pararia no meu lugar.

Minha moto chegou a bater em seu corpo, mas o impacto não foi tão forte assim, do contrário estaríamos bem piores.

Não sei se ele já era vermelho antes ou se isso começou agora, mas o cara parece um pimentão dentro da camisa florida e o short verde-limão do tipo que não se perde em nenhum lugar.

Está nervoso com o que? O carro dele nem foi arranhado.

- Não pode provar isso! Eu vou é chamar a polícia pra levar a porra da sua...

- Quem você pensa que é pra gritar assim com o rapaz? - uma senhora de maiô intervém, parecendo bem brava.

- O quê...

- Eu não te deixei falar! Por acaso sua mãe nunca te ensinou que...

Os dois começam a discutir, ou melhor, ela começa a dar uma bronca nele sobre direitos civís e como agem os verdadeiros babacas do trânsito.

A senhora está severamente irritada e logo outras pessoas se juntam ao debate.

Pelo menos isso me dá tempo para falar com a menina, ou checar se ela ainda está respirando.

Deixo a moto e me agacho para verificá-la.

Há uma pequena poça de sangue embaixo da cabeça dela, o primeiro sinal de que deu merda.

O segundo é a pele, branca demais para ser saúdavel.

O terceiro é o que me faz pegá-la no colo e começar a pensar em diversas maneiras de esconder um corpo; a mão mole como se fosse de borracha.

Poderia falsificar um passaporte e fugir do país, o que certamente não seria um problema pra mim.

Mas o quarto sinal é o melhor de todos.

Quando já estou montado na moto; ela posicionada a minha frente para ficar mais segura e confortável, com as costas apoiadas em um dos meus braços.

Aguardo o momento certo para dar partida, enquanto um bando de gente discute o que se deve fazer a respeito da colisão, ocupados demais para notarem que eu sumi. A sirene da emergência soa ao longe, chamando a atenção dos debatedores e ela abre os olhos.

Verdes, como os campos de onde eu vim.

- Se segura. - digo antes de colocar o capacete e dar partida.

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Pra onde pensam que eles vão?

Sem Tempo Para MorrerOnde histórias criam vida. Descubra agora