𝘁𝗿𝗂𝗻𝗍𝗮

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Atiye

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Atiye

Ela não me fazia companhia há um bom tempo, no entanto, quando disse:

- Trouxe duas garrafas de Raki.

Me senti acolhida em seu sorriso.

Despreocupada e calorosa, invadiu meu quarto e eu permiti que meu coração batesse mais devagar. Não precisava ficar nervosa, ninguém iria entrar. Pena que ele não entendeu e triplicou a velocidade quando a mulher alegre se jogou ao meu lado. Nossos braços roçaram um no outro.

Pra completar, as benditas taças que segura são iguais as do restaurante da mãe de K. Usei uma delas na noite em que jantamos.

Depois nada mais foi igual.

- Aqui a sua. - entrega-me uma taça com a bebida até a metade, me tirando do transe.

- Obrigada. - dou um longo gole. Como uma coincidência tão grande é possível? Sua perna se enrosca na minha sobre o lençól.

Sinto suas unhas traçarem linhas perigosas nos meus braços conforme sua mão avança em direção ao meu ombro, me deixando nervosa com os estímulos que só esse toque libera.

Caraca, algumas coisas não mudam mesmo...

Exceto que dessa vez meu coração não dá um pulo de animação ou felicidade por estarmos tão próximas, não me sinto necessitada de seu toque, não preciso disso para saber que o meu desejo por garotas é real. E mesmo assim continuo gostando de garotos.

Os olhos dele me vem a mente, há quase três meses o conheço e acredito que menos de uma semana tenhamos passado ao todo juntos. Menos de sete dias e não consegui esquecer nenhum.

Culpo todos os eventos catastróficos por esse fato, a começar pelo acidente em que nos encontramos, mas na sequência de dias eu diria que tudo deu errado na noite do American Music Awards com aquele tiroteio que quase arrancou a vida da minha melhor amiga.

Ainda tenho pesadelos com aquilo, vejo ela gelada em meus braços, completamente imóvel, sem pulsação. Odeio que não possa dizer para ela onde estou, odeio que nem possa sonhar em encontrá-la num futuro próximo.

Escondi essa parte da minha vida por um motivo e não gostei de relembrá-lo.

- No que está pensando, altin ruh? - alma dourada. Ela parece mais preocupada em fingir desenhar circulos no meu braço do que saber a resposta.

Lembro do dia em que me deu o apelido, ela estava radiante ao me encontrar, mas a tristeza jazia entocada em seus olhos. Eu queria animá-la, mas ela me animou quando no meio de todos no pátio ensolarado, usando vestes maravilhosas douradas, disse-me que eu era abençoada por Alá. Com tanta alegria e sabedoria, eu seria para ela, sempre, altin ruh.

Sem Tempo Para MorrerOnde histórias criam vida. Descubra agora