𝖽𝖾𝘇𝖾𝘀𝗌𝗲𝗍𝗲

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Kael

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Kael

- Aqui está. - me entrega o copo com a bebida de Aya. Sinto a grossura do papel apertado contra o vidro.

- Obrigado. - ele assente e vai preparar a minha bebida.

Retorno a mesa tentando manter o semblante calmo, meus pensamentos continuam indo para minha mãe.

Quem dera minhas preocupações se resumissem a ela.

Empurro o gim em sua direção e Maya sorri venenosa, pronta para fazer uma piadinha de agradecimento até avistar o pedaço de papel pardo dobrado ao meio.

Ele é pequeno, mas nós dois sabemos o que isso guarda e nem sua reputação conseguiria nos proteger se falhássemos no teste. Novamente.

- O que diz? - pergunta atordoada antes de dar o primeiro gole.

Sacudo a cabeça.

- Ainda não abri.

- O que? - controla-se para não gritar, algo em que ela nunca foi muito boa e por isso fico admirado.

Exibo um sorriso zombeteiro brincando com papel ainda dobrado entre os dedos.

- Vejo que te deram aulas de compostura.

- Seu merdinha palermo. - resmunga levando o copo em direção aos lábios.

De sobrancelhas franzidas e testa enrugada, ela quase me lembra a garota que já foi um dia. Enfezada, caindo em cima de todos os garotos.

- Para o senhor. - o barman aparece com a minha taça em uma bandeja de prata.

- Obrigado, Travis. - seu sorriso é fácil para mim, ele meneia a cabeça se retirando e dou o primeiro gole na bebida azul com nuvens laranjas.

Para qualquer um pareceria um milk-shake, no entanto, é suco de blueberry misturado a uma boa dose de vodka, um pouco de limão para realçar o gosto além de uma pitada de açúcar e calda de pêssego para finalizar.

Bebo um pouco e me levanto, sendo seguido pela mulher, saímos de lá e damos a volta no restaurante com a desculpa de ir fechar o carro, algo que ela gritou como se eu tivesse cometido um crime ao esquecer.

- Você é sempre assim! Algum dia ainda seremos roubados! - brada aos quatro cantos.

Caminhamos de volta pela entrada e enveredamos pelo caminho do jardim lateral escondido pelo deck de madeira. Ver o chão de grama é reconfortante, me lembra de quando íamos em parques para aproveitar o tempo ensolarado fora das praias.

Sem Tempo Para MorrerOnde histórias criam vida. Descubra agora