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Debbie

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Debbie

Bufo ao telefone, escutando minha melhor amiga reclamar.

- Yesim, pela última vez...não tem como vestir biquíni aqui! Já é outono em
Los Angeles. - explico pela 5° vez.

Estou farta, por quê ela não pode aceitar?

- FO.DA.-SE. Eu te quero naquela porra se você inventar de tirar foto na praia!

- Mas é muito comum as pessoas irem à praia de moletom no frio!

- Danem-se elas, você nunca pôde usar!

Reviro os olhos inspirando fundo para não mandar ela tomar no cu, se tornou uma saída recorrente para a raiva desde que me mudei.

Lembro que até pouco tempo atrás ia à praia de burca e só pensar em usar um biquíni me deixava eufórica, no entanto...

- Imagina o povo todo parecendo um bando de pinguins e eu lá com o rabo de fora?

Ela fica quieta por tempo demais do outro lado da ligação, o silêncio é quebrado por uma risadinha que correspondo. Imagino como ela está...

- Ok. - cede.

- Então...

- Me liga pra contar tudo depois, não importa o horário. - Ela garante com a voz não tão animada.

- Pode deixar.

Desligo a chamada e volto a procurar uma roupa quente o suficiente para hoje, de preferência com uma segunda camada para poder tirar se esquentar demais.

. . .

O clima dessa cidade é uma loucura, saí de casa com uma legging, blusão social verde-claro de linho e um top branco por baixo, que foi minha salvação.

Hoje eu tive uma folga da loja, então resolvi espairecer um pouco. Até agora tem sido muito bom.

Volto a superfície depois de um belo mergulho, passo as mãos pelo rosto tirando um pouco da água, só o suficiente pra conseguir abrir os olhos e imediatamente sinto o sol bater no meu rosto.

A sensação é boa, mas ao mesmo tempo triste, pois me lembra do que nunca mais terei.

Só queria poder voltar.

Saio do mar com esses fantasmas rondando minha cabeça, as lembranças parecem doer mais a cada segundo.

Pego a toalha que trouxe para me secar, já que estava planejando nadar vestida. E foi assim, entrei de legging, pois mesmo com todo esse sol, a água ainda é um gelo e eu não queria ir de calcinha no meio de toda essa gente em plena luz do sol.

Ia parecer um pimentão de tão vermelha.

Seco meus braços, enxugo o rosto, a barriga e as pernas antes de agarrar o camisão e começar a atravessar a rua.

A luz me faz querer ser incapaz de olhar pra cima, portanto mantenho o foco na faixa de pedestres e continuo andando até que uma buzina alta me surpreende. Paraliso.

- Cuidado! - ouço uma voz masculina gritar, mas é tarde demais quando sinto o impacto.

Tudo começa a girar muito rápido, me sinto como um hamster correndo em uma rodinha só que ao invés de correr, continuo avançando em direção ao chão.

Caio com um baque estrondoso, há muita gente gritando, inclusive eu.

Meu ouvido começa a zumbir alto, escuto o mundo por trás de uma parede.

Minha cabeça parece rachar, a dor profunda no crânio me impede de mover a mandíbula para abrir a boca e gritar por socorro.

Fecho os olhos com força, mergulhada em desespero, não consigo abri-los mais. Meu coração está batendo forte, não vou morrer, não vou morrer, luto para me manter acordada. Ficam tão pesados, as vozes ao meu redor diminuem gradualmente até não identificar mais nada além da escuridão.

. . .

Acordei sonolenta, percebi que não poderia me deixar adormecer, porque há um estranho mantendo meu corpo estável em cima de um banco estreito.

Os carros passam por nós a toda velocidade, são como pinturas borradas em um quadro recente. Os barulhos da estrada, a buzina, a sirene, os xingamentos dos motoristas...tudo isso me deixa atordoada. A única coisa tranquilizante é o vento que acarícia minha pele.

Para onde ele está me levando?

Falho em manter as pálpebras levantadas, elas caem feito penas, destinando meus olhos ao vazio de um vórtice sem luz. Novamente.

Minha cabeça lateja, a mão dele me aperta junto a seu corpo. Não ouço mais nada.

O que acham que vai acontecer? Debbie foi de arrasta pra cima?

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O que acham que vai acontecer? Debbie foi de arrasta pra cima?

Sem Tempo Para MorrerOnde histórias criam vida. Descubra agora