𝗱𝖾𝘇𝗈𝗶𝗍𝗼

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Debbie

Me levaram para um galpão abandonado.

Sem moveís. Aa paredes e o chão foram recém-pintados com cimento fosco, consigo sentir o cheiro.A única outra cor presente é o preto; na cadeira de metal a qual fui amarrada e em uma luminária no teto prestes a cair sobre minha cabeça.

Parece que o lugar foi abandonado no meio da construção, se ao menos conhecesse a cidade poderia ter alguma ideia de onde estou.

Porém, tudo que sei sobre Malibu se resume a praias e filmes. Só. Nada mais. Eu precisei pesquisar no google "lugares com diversos livros" para encontrar aquela biblioteca.

Meus olhos estão quase fechados por conta da luz forte da luminária, mantenho-os fitando o chão com essa desculpa, mas não quero encarar meus sequestradores.

Talvez pensem que não os vi durante o ato, quando me pegaram lá no meio das estantes. Podem pensar que a droga naquele pano me fez esquecer, por isso me deixarão viver se ficar quieta.

De cabeça baixa, como um passarinho obediente.

Não vou cantar se não me ordenarem.

- Você fala? - questiona ele.

Quieta. Te deram uma mísera quantidade de droga para que você pudesse responder, então não dê a eles o sabor da vitória.

- Gostaria de saber por quê está aqui? - é ela quem fala agora, a mesma mulher que me atraiu com o livro.

Distinguo sua voz aveludada assim como reconheci seu cabelo quando despertei, momentos antes de desejar que ainda estivesse desacordada.

Permaneço em silêncio como uma ladra arquietando um bom plano de fuga. Quem me dera ter um.

- Interessante...achei que você fosse do tipo fala bastante. - e eu sou.

Por isso tenho de morder a língua.

Algum tempo se passa, o suficiente para chegar ao número 100 quando ouço o estrondo de várias coisas sendo derrubadas.

- Idiota. - o cara resmunga, bufando como um touro arrastando o pé para trás. - Isso não vai adiantar nada.

- O que quer que façamos com ela? Devemos esperá-los ligar.

- Podíamos ter um pouco de deleite por enquanto, não?

Consigo imaginar suas sobrancelhas erguidas, os olhos arregalados com a boca escancarada mostrando um sorriso de dentes prontos para me marcar.

- Acho que sim. - ela rosna em resposta.

Congelo no lugar, minhas mãos tremem.

Só consigo pensar em me encolher, encolher e encolher até que desapareça da Terra.

Kian. Pelo menos está segura no hospital, desejo que pudesse ter ficado com ela.

Um telefone toca, parece antigo. O homem fica agitado e atende no segundo toque, ele exala pesadamente e depois de alguns segundos caminha até mim.

Sem Tempo Para MorrerOnde histórias criam vida. Descubra agora