𝖼𝗮𝘁𝗈𝗿𝗓𝗲

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Debbie

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Debbie

Ele foi incrível comigo. Penso, enquanto caminho pelo corredor branco com as mesmas faixas vermelhas, que dividem ao meio as paredes vistas ainda na recepção.

O local é cheio de profissionais da saúde, obviamente. Onde mais eles poderiam estar?

Revirei os olhos por algo tão idiota. Continuei andando até achar o quarto 403. Respirei fundo e abri a porta sem bater, não sabia se ela estava acordada mesmo, então que diferença faz?

Solto um suspiro ao encontrá-la sentada na cama com os olhos bem abertos e focados em mim; a melhor-amiga que a abandou.

Merda. Engulo o nó na minha garganta, não tenho estrutura para encará-la agora.

- Malena. - a enfermeira ao lado dela levantou a cabeça alarmada com o chamado - Pode nos dar licença, por favor? - perguntou gentilmente.

- Claro. - a mulher negra de coque meneou a cabeça em concordância e ofereceu-me um sorriso tímido antes de sair do quarto fechando a porta.

- Então... - começo e as palavras morrem na minha boca.

Encarando meus pés, há um branco em minha mente. De um instante pro outro, a pessoa que eu nem precisava pensar para falar me deixou tão pilhada, que fritou meus neurônios.

Meu coração corre desenfreado martelando meu peito. Não me movo um centímetro, até que a voz dela se agiganta no quarto e o peso da culpa recai sobre mim.

- Então - faz uma pausa direcionando o olhar para suas mãos cruzadas no colo - Você sobreviveu. É terrível saber disso. - me olha com desdém, mas decteto todas as falhas do seu disfarce; o brilho terno no olhar, sorriso contido e lágrimas arrefecidas.

Achei que não fosse conseguir fitá-la e agora simplesmente não posso tirar meus olhos dos dela.
Ki tem os olhos mais serenos que já tive a honra de testemunhar, como as marolas no mar depois do tsunami. Sua pele está pálida de um jeito que nunca a vi. Seus lábios levemente roxos como se estivesse morrendo de frio e tenho a impressão de que parece menor recostada naquela maca pequena com o acesso venoso em seu braço.

Algo se retorce dentro de mim. Uma coisa mórbida e pesada, contorcendo-se em volta das tripas do meu estômago como se o meu mundo estivesse ruindo e fosse minha culpa.

É minha culpa.

Preciso abraçar minha melhor amiga.
Preciso garantir que ela é real.
Não perdi mais ninguém.
Ela está aqui. De verdade.

Sem Tempo Para MorrerOnde histórias criam vida. Descubra agora