Cap 44 - Cativa (O sonho de Estevão)

43 8 8
                                    

Eu a abracei novamente até Estevão abrir a porta do quarto de repente.

--- Já viu sua filha, Lúcia? - Ele se encostou na porta, estava com um leve sorriso no rosto.

--- ...Sim, obrigada, Estevão. - Ela secou as lágrimas.

--- Agora é minha vez de ficar um tempo com ela, você pode sair? - Ele dizia de maneira provocativa.

--- Ah, claro! - Ela se levantou - Tchau, querida - Ela beijou minha testa.

--- Tchau... - Olhei horrorizada para Estevão.

Ele me encarava com sua postura inabalável, um verdadeiro ditador, um verdadeiro rei. Encarava até o fundo de minha alma, era como estar nua, como se todos meus segredos, até os mais internos fossem revelados a ele.
Estevão tinha o poder em suas mãos, tinha o poder de deixar sua presa em um cativeiro cujo a porta estava aberta, mas por medo ela se mantinha dentro da gaiola.
Minha mãe passou por Estevão lançando um olhar rancoroso, ele por sua vez fez questão de dar um tchauzinha com seu sorriso teatral, assim que ela passou ele fechou a porta.
Minha feição permanecia a mesma, uma feição de horror.

--- Ela realmente sentiu sua falta! - ele disse debochado - Por que está com essa cara? - Ele se aproximou de mim, ficando de pé de frente para mim - Você fica muito bonita quando está irritada - Ele passava a mão em minha bochechas.

Eu bati em sua mão para que ele retirasse de meu rosto, me levantei indo em direção a porta, mas ele me empediu.

--- Onde vai? - Ele apertava forte meu braço.

--- Me solta! - Tentei dar mais um passo, mas ele agarrou meu outro braço, me virando de frente para ele.

--- Não ouse bater em mim novamente, está ouvindo?! -  Ele tinha o olhos frios, seu semblante não era nada amigável.

--- Se você passar dos limites novamente não vai ser só um tapa que vai levar, Maldito! - Falei em um tom sério e firme.

--- Quem você acha que é para me por limites? Quem impõe limites aqui sou eu! - Ele apertou mais meus braços.

--- Está me machucando! - reclamei com ele.

Ele me olhou irritado por um tempo e me soltou de maneira brusca.
Passei a mão em meus braços doloridos. Eu já tinha passado por situações assim, situações que apanhei de meninos, mas isso era no primario. Sempre revidei, mas ainda sim, me sentia muito magoada por levantarem a mão para mim.

--- Desculpe... - Ele tentou se aproximar de mim.

--- Sai! - Me afastei indo em direção a porta.

--- Não! - ele foi para frente da porta - Me perdoe, eu não queria fazer isso... - Ele acariciou meus braços.

--- Me deixa sair! - Meus olhos encheram d'água.

Por algum motivo o via como algo maior que eu. Me sentia como um ratinho e um gato gigante estava a brincar comigo.

--- Não quero que vá. - Ele ficou na frente da porta.

Sem poder sair, fui correndo até o banheiro e tranquei a porta.

--- Aurora! - ele bateu na porta - Abre a porta, não era minha intenção te machucar!

Eu nem perdi meu tempo respondendo, minhas lágrimas já haviam caido de meus olhos. Por mais que tentasse chorar sem fazer som, era tão difícil, me sentia como uma criança a chorar, meu nariz começou a escorrer e meu rosto a tomar cor avermelhada, os soluços logo apareceram. Quanto tempo vou ter que suportar ao lado desse homem? E se eu não conseguir fugir até o casamento? Se ele já me trata mal antes do casamento, imagine depois. Fora a quantidade de galha que vou levar, e Samila ainda tem a cara de pau de me olhar nos olhos e me chamar de amiga. São todos um bando de falsos mesmo!

Um amor que transcende o tempoOnde histórias criam vida. Descubra agora