Malditos olhos castanhos

arrivederci

Lunna

Enquanto escolho um vestido longo para sair com Carlos me pego repensando no que isso está se tornando, Carlos sempre me dá presentes caríssimos, jóias principalmente. Mas eu realmente não sei mais se isso vai continuar acontecendo, não gosto de me envolver tanto com clientes. Eles ficam pegajosos mesmo sendo casados.
Hoje mesmo ele me ligou diversas vezes e mesmo eu dizendo que estaria ocupada ele insistiu e eu acabei cedendo, não que Carlos seja lindo, ou bom de cama. Por que realmente não é se é que vocês me entendem. Rio de mim mesma e chego a conclusão de que isso vai acabar hoje, vou usar a desculpa de que vou estar muito ocupada com os trabalhos da faculdade e não estou com cabeça pra isso. Exatamente, isso aí garota.

20:00 hrs.

Carlos me liga dizendo que está me esperando, eu desço e rapidamente ele sai do carro para abrir a porta do passageiro pra mim.
Seguimos viagem e paramos no melhor restaurante da região.
A mesa já estava reservada, Carlos me acompanhou até a mesa e disse que iria ao banheiro.
Assim tirou do bolso o celular e deixou encima da mesa, logo eu ouvi algo caindo mas não me importei. 
Então eu vi algo brilhando e desci o olhar pra ver o que era, era uma aliança, a aliança de Carlos.
Me levantei para então me agachar disfarçadamente e pegar. Ouvi Carlos me perguntando se estava tudo bem, rapidamente peguei a aliança e voltei ao meu lugar.

Uma hora e meia mais tarde, tínhamos terminado o jantar e Carlos estava bebendo whisky e eu uma taça de vinho.
Ele acariciou minha mão que estava sobre a mesa e me olhou sorrindo dizendo o quanto tinha gostado do nosso jantar. Eu sorri de volta e pensei na aliança de Carlos, na verdade pensei na esposa dele. O que será que ele teria inventado? Ou ele nem ligava pra ela ao ponto de nem dizer pra onde estava indo?
Então uma culpa me assolou. Como eu poderia estar fazendo mal pra outra mulher dessa maneira tão baixa? Ser acompanhante tudo bem, agora transar com um homem que tem uma esposa em casa e provavelmente filhos.

Eu forcei um sorriso e disse que queria conversar.
Ele sorriu mais ainda e perguntou com um sorriso de lado se eu queria conversar em minha casa ou em outro lugar.

Eu tirei minha mão do toque dele e limpei minha garganta:

L-Carlos eu sinto muito mas não podemos continuar com isso.

O sorriso dele morreu, e ele me olhou com os olhos arregalados.

C- O que? Como assim? O que aconteceu, eu fiz algo, algo que não gostou? Não gostou do jantar? Quer mais presentes?

L-Não, não é sobre nada disso. Eu não posso ter um "relacionamento" agora.
Não posso e nem quero, tenho muitas coisas pra me preocupar.
 

C- mas eu não entendo estava tudo bem, nós estávamos bem. Eu, eu amo estar com você eu amo você. Você sabe que eu faria qualquer coisa por você.

L-Oh, por favor. Faria qualquer coisa por mim? Você tem uma esposa, deve ter filhos e mesmo assim não sente culpa por estar os traindo dessa maneira?

Carlos ficou branco, mais branco do que era e me olhou confuso.
Presumo que ele achou que eu acreditaria que ele era solteiro.

C- Vamos conversar com calma, hum?

L- não temos o que conversar, sinto muito espero que fique bem e tenha uma boa vida.

Então me levantei e sai caminhando, olhei pra trás vi Carlos pegando a garrafa de whisky e virando no bico mesmo.
Pensei comigo "hoje ele da trabalho pra esposa" gargalhei por não ser eu a esposa que cuidaria dele bêbado.

Fui andando e admirando os casais pelas ruas, pensando em como eu nunca teria aquilo. Afinal quem iria querer algo comigo? Uma cretina, sem sentimentos, egoísta, que só pensa em benefício próprio?
Aí ai, é assim que meu pai me descreve. E agora eu devo concordar, talvez ele esteja mesmo certo.

Cheguei em casa, tirei aquele vestido colado e quando ele foi ao chão, eu ouvi um tilintar.
Franzi as sobrancelhas e então percebi que tinha esquecido da aliança.
Respirei fundo peguei a aliança e coloquei na minha corrente no pescoço, assim eu não esqueceria de devolver.

Segunda feira:
 

L-Puta que pariu, não é possível que eu vou me atrasar de novoooooooo, vamos Nath, anda. Ninguém mandou você chegar em casa de manhã e não dormir.

N- hey hey calma vadia, pra que tanta pressa?
Parou e pensou.
N-Caralho hoje a primeira aula é da nova professora, que caralho.
E essa aliança aí Lunna, não vai entregar pro velhote?

L-Vou, mandei mensagem pra ele pra ele passar aqui depois que eu chegar da faculdade.

N- Você deveria parar, já tem dinheiro o suficiente pra faculdade e para os outros gastos.

L- vou parar quando eu achar que tenho que parar, ok?

Nath só confirmou com a cabeça, não iria começar uma discussão com a amiga.

Enquanto isso Elanor estava arrumando os matérias que ela iria precisar. Por mais que fosse seu primeiro dia e ela não pretendesse fazer muito, além de apresentações é claro. Ela gostava de sair preparada..

Será que Eleanor realmente sai preparada para tudo?? 🤭🤭