𝐁𝐞𝐭𝐰𝐞𝐞𝐧 𝐓𝐡𝐞 𝐋𝐢𝐧𝐞𝐬 𝐎𝐟 𝐓𝐡𝐞 𝐔𝐧𝐢𝐯𝐞𝐫𝐬𝐞 - 𝘚𝘢𝘮 𝘞𝘪𝘯𝘤𝘩𝘦𝘴𝘵𝘦𝘳

Capítulo 2

[AMANDA CAMERON]

Sabe quando você está sonhando e o sonho realmente parece ser real? As vezes de tão bom que é nem quer acordar mais, porém, no meu caso, só conseguia pensar em despertar o mais rápido possível e voltar para minha triste realidade.

Esfreguei meus olhos duas vezes, com as costas das mãos, na esperança da minha gata Manu estar me lambendo desesperada enquanto eu dormia feito pedra, largada no nosso sofá meio rasgado. Eu só podia estar dormindo oras? É isso mesmo. O que mais poderia ser? O universo ter ficado tão triste com meu pedido que resolveu atender? Obviamente isso está fora de cogitação e fora das normalidades do mundo.

Ao que fui percebendo aos poucos, se tratava de uma rua deserta, tomada por uma densa escuridão, e o clima totalmente diferente da cidade de onde eu morava. Um frio congelante, assustador. Era possível até mesmo, ver pequenas ondas de fumaça se embolando no ar em decorrência a respiração. E outras fumaças geladas maiores formadas pelo vento. Pra piorar meu pijama não favorecia em nada. Curto daquele jeito, me fazia parecer uma prostituta parada na beira da estrada em busca de um homem para satisfazer meus prazeres.

Descalça e sem nenhum meio de comunicação por perto que pudesse ajudar a me localizar e voltar pra casa. A Manu deveria estar aqui comigo. A esperteza daquela gata seria de grande ajuda agora.

Entrelacei meus braços ao redor do ombro, a fim de esquentar o frio gelado e comecei a caminhar para o meio da estrada. Não façam isso se caso algum dia se perderem no meio do nada e tiver uma estrada a sua frente. Não poderia ficar ali parada como se fosse uma prostituta. Algum cara, caminhoneiro poderia passar e pesar coisa errada de mim. Uma jovem de vinte e três anos, usando pijama, descalça, sozinha no meio do nada.

Justamente na noite do meu aniversário isso acontece. Como se já não bastasse ser sozinha, morar num apartamento mais ou menos e ter que dar duro no serviço para pagar as contas com o salário. Da próxima vez com toda certeza, lembrarei de fazer uma amizade e nunca mais voltar a comemorar meu aniversário de noite ou depois da meia-noite. Nessa linha de pensamento, fui andando devagar até chegar na metade da estrada, esquisita.

Até aquele presente momento, nenhuma alma viva tinha passado por ali. Porque na minha cabeça, se me colocasse no meio do perigo alguém iria surgir? É assim na maioria dos filmes. Só que em filmes de terror. Era só o que me faltava aparecer um homem maluco da serra elétrica ali, de repente. Manu iria sofrer acordada no dia seguinte me ouvindo contar sobre a maior maluquice que está sendo esse sonho.

Olhei para o lado, direita, esquerda e para atrás. Não tinha nada, nem ninguém. Apenas o vento, fumaças, estrada, um céu escuro azul, quase amanhecendo. Imagina horas que já eram? Os únicos sons possivelmente que davam para escutar, era o barulho dos pássaros, corujas e outros animais que deviam ter por ali.