"Oh, darling, please believe me
I'll never do you no harm..."
Rio de Janeiro, Dezembro, 2022.
Era um dia ensolarado, um céu azul, sem nuvens, fazia muito calor naquela tarde.
Amaury Lorenzo, parou o carro em um semáforo, respirou fundo e olhou no espelho retrovisor do carro seu próprio reflexo, ajeitou os cachinhos de seus cabelos pretos, os olhos escuros brilhavam de felicidade, passou a mão pela camisa preta como se a estivesse desamassando, ele vestia uma calça também preta, pois sabia que provavelmente fariam exercícios de teatro.
Olhou no relógio, três e quinze da tarde, a reunião estava agendada para as quatro, ele sempre era extremamente pontual, acelerou o carro quando o sinal abriu.
Enquanto dirigia refletia que por ser professor de teatro, ator e diretor há muitos anos, sabia que o código de vestimenta nesse caso, era roupa neutra, geralmente inteira preta, vestia um tênis confortável de corrida, estava pronto para iniciar o trabalho.
Pronto, era uma palavra forte, na verdade, sentia o coração batendo na garganta, calafrios na coluna e arrepios nos braços.
Depois de tantos anos, tinha alcançado sua grande oportunidade, um papel numa novela em horário nobre na Rede Globo.
Faria um vilão, capanga de ninguém menos que um personagem de Tony Ramos, suas pernas tremiam só de pensar no quanto aprenderia. Um monstro sagrado da atuação, ele nunca tinha se sentido tão abençoado e grato a Deus na vida.
Seu personagem teria a dualidade de ser um capataz que matava a mando do patrão, mas que em dado momento se apaixonaria por outro homem, perdidamente.
Ele não via a hora de conhecer Diego Martins, o ator que faria seu interesse amoroso, já o acompanhava de certa forma pela internet, e no ano anterior tinha assistido um espetáculo chamado "Além dos 16 compassos" que ele integrava o elenco, quando estava passando um final de semana a trabalho em São Paulo aproveitou para visitar a cena artística local acompanhado de alguns amigos, a voz dele e sua atuação o tinham deixado em estado catártico naquele dia, ele tinha uma luz e uma energia fora de série.
Ele abriu um sorriso largo e brilhante ao recordar dele cantando a música "Oh,Darling" dos Beatles, parecia um anjo, mas com facetas provocativas, atingia agudos surreais, lembrava dele sentado na cadeira de madeira, tinha um momento que ele interagia com a plateia, ele escolheu um rapaz aleatório, até hoje ele lembrava do nome do espectador Victor, recordava do nome, porque tinha sentido muita inveja de Victor, pois o personagem de Diego meio que flertava com ele. (vídeo de inspiração no topo do capítulo).
Era um artista extremamente apaixonante e Amaury sentia o coração apertado de expectativa de poder trabalhar com aquele diamante raro.
Estacionou dentro do estúdio do Projac, ainda sorrindo bobo, aquela seria a primeira reunião com o elenco da novela Terra e Paixão, desceu do carro se sentindo um super herói.
- Amaury?
Uma voz feminina aveludada chamou, ele virou-se e viu Stella Albani, preparadora de elenco e atores, conhecida em nível internacional. Abriu os braços e cumprimentou-o efusivamente.
Ela sumiu dentro do abraço, o homem de um metro e oitenta, e ela não chegava a 1,65 de altura.
A preparadora olhou-o e com um gesto colocaram-se a andar lado a lado, ela pediu pra que ele segurasse sua pasta preta, cheia de papéis, tirou um elástico de cabelo do pulso e começou a levantar o cabelo escuro com as mãos e a fazer um coque no alto da cabeça, enquanto caminhavam.
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Duas vezes você
FanfictionFANFIC #Dimaury Amaury Lorenzo e Diego Martins são escalados para uma novela em horário nobre da Rede Globo de televisão. Dois atores que vão se questionar diariamente se estão confundindo a ficção com a realidade ou se o sentimento que começa a cre...