Cap.17 - A briga foi feia

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 "A briga foi feia
Teve dedo na cara
Teve voz alterada
Teve tudo que tem em uma discussão
Mas eu não, eu não tava terminando não
Você confundiu seu coração"

(Henrique e Juliano)

Naquela semana a agenda de shows de Diego estava lotada e tudo virou uma grande correria.

Novamente Diego tinha recebido uma pausa de três dias de gravações.

Teve que voltar para São Paulo, pois tinha pendências em relação às músicas novas que estava começando a trabalhar para que fossem lançadas em meados do final do ano, dava um trabalho que ninguém de fora do meio imaginava.

O diálogo com Amaury começou a ficar escasso, nas horas que ele podia responder, o outro estava trabalhando e vice-versa, muito embora estivessem bem um com o outro, a falta de ouvir a voz e ver pessoalmente se fazia sentir.

No domingo, Amaury fez o seu monólogo num teatro de Niterói, cidade onde ministrou aulas de teatro durante muitos anos.

Enquanto isso, Diego tinha um show numa badalada casa noturna de Curitiba, estava no hotel, sentado em frente a um espelho improvisado no quarto, fazendo sua maquiagem, como sempre acompanhado de suas bailarinas e amigas Larissa e Bruna, sempre se arrumavam juntos, num clima bom, fazendo piadas e brincadeiras.

Ele tinha escolhido a peruca de cabelo castanho ondulado com dois lacinhos azuis que prendiam parcialmente as laterais da lace, e a maquiagem era um delineado branco e preto com sombra azul néon, colocou uma lente verde clara, nos lábios um batom nude escuro.

O figurino era um vestido curto azul e preto, nos pés escolheu colocar um coturno que ia até os joelhos.

Estava de parar o trânsito mundial, uma escritora mais exagerada como eu poderia te dizer que ela seria capaz de parar um planeta de girar em seu eixo por vinte e quatro horas seguidas.

Se encarou no reflexo do espelho, aplicando um pouco mais de pó translúcido nas sobrancelhas que ele escondia com grande talento.

Estava linda, admitiu mandando um beijo para seu próprio reflexo.

O celular se acendeu, alerta de notificação de publicação de story de Amaury, ele estava se preparando para o monólogo, era uma foto do palco, respirou fundo e escreveu: "Merda pra você! Arrase como sempre! Um beijo!".

Enviou com o coração acelerado.

Ele hesitou um pouco e escreveu mais uma vez:

"Eu queria te ver na minha plateia qualquer dia desses."

Enviou, as mãos trêmulas, realmente vinha pensando demais nisso, o quão maravilhoso seria ter ele num show seu, cantar e dançar em sua frente, apresentar mais uma de suas facetas pra ele, pensou em mais coisas indecorosas também, passar uma noite inteira com ele sendo a Drag, as coisas que poderia propor dentro de quatro paredes eram infinitas, só em pensar o corpo já amolecia.

Sua bailarina, Larissa, o observou atenta, viu as mãos dele tremendo quando ele pegou o gloss para reforçar os lábios, cruzou o quarto e agachou-se ao seu lado perguntando com voz suave:

— Amore, você tá bem?

— Nada demais — ele sorriu e abriu bem os olhos — Sério!

A tela do celular iluminou-se e ele pegou rapidamente.

"Eu agradeço o privilégio de ter você na minha vida todos os dias em oração. Merda pra você também! Brilha, pois é esse seu propósito na Terra: iluminar o mundo das pessoas. E quanto a ir num show seu: Me convide e eu irei! Com a condição de que você me dê um beijo em cima do palco. Te amo!"

Duas vezes vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora