Cap. 36 - Eclipse

1.5K 124 325
                                    

"And I need you now, tonight
And I need you more than ever
And if you only hold me tight
We'll be holding on forever...

"Once upon a time I was falling in love
Now I'm only falling apart
There's nothing I can do
A total eclipse of the heart..."

(Total Eclipse of the heart - Bonnie Tyler)

____________________________

Por volta das oito da manhã, Diego acordou todo torto no sofá, viu Larissa que estava deitada no chão, com uma almofada amarela tendo a cara afundada nela, estava coberta com um lençol branco.

Ele jogou o edredom pro lado e foi até o banheiro lavar o rosto, enquanto escovava os dentes, se olhando no espelho com a cara toda amassada, sua memória foi recobrando cada detalhe da noite anterior.

E ele lembrou.

— Puta que o pariu. Que merda! — ele falou em voz alta, cuspindo pasta de dente no espelho, sem querer.

Enxaguou a boca e ainda com o rosto molhado pingando foi até o celular que tinha descarregado a bateria, tentou ligar sem sucesso, saiu tropeçando por cima de Larissa, desesperado por achar o carregador.

— Nossa, Diego, bom dia, caralho? — ela resmungou sentando no chão, com o cabelo todo bagunçado, parecendo a juba emaranhada de um leãozinho.

— Ai, amiga, desculpa... Cadê a porra do meu carregador?

— Já olhou no quarto? — falou ela enquanto se enrolava no sofá no lugar ainda quentinho do corpo de Diego, se cobria e voltava a dormir.

Diego disparou pro quarto, enfiou o carregador na tomada em pânico, nunca na vida o celular tinha demorado tanto para ligar.

Abriu as conversas e viu que tinha uma mensagem dele.

"Eu sempre vou amar você, pequetito."

O coração dele cantou no peito por alguns segundos, mas em seguida ouviu os áudios e ficou muito envergonhado de si mesmo.

— Meu Deus, eu sempre corro atrás da humilhação.

Sentou na cama, tinha se declarado completamente, mas, constatou que era o que de fato sentia, o álcool entra e a verdade sai.

Podia beijar São Paulo inteira, não o esqueceria, não conseguia.

Refletiu sobre o filme "O brilho eterno de uma mente sem lembranças", agora entendia a decisão da protagonista de apagar a memória, seria mais fácil viver sem lembrar dele, Amaury tinha complicado sua vida em um nível nunca antes imaginado.

— Inferno! — ele falou, enquanto pegava a mochila pra jogar as coisas dentro.

Ele estava atrasado, não podia perder o voo para o Rio, o dia seguinte, um domingo, era o dia da Parada de Madureira, em que ele e Amaury eram Reis.

Sim, a Parada, Ok, vou dar um minutos para vocês gritarem com essa informação.

Diego chamou um uber, despediu-se de Larissa que apenas resmungou em resposta, passou pelo aeroporto correndo, o que era corriqueiro, porque ele vivia sempre a um passo de perder o voo.

Conseguiu embarcar por sorte, porque o portão de embarque estava fechando assim que passou.

Não conseguiu pensar em responder a Amaury, estava ainda muito constrangido pelos áudios embriagados daquela madrugada, mas ao final da tarde Amaury lhe mandou mensagem perguntando sobre como ele iria na Parada, que achava melhor chegarem juntos.

Diego respondeu dizendo que também achava uma boa ideia.

Amaury informou que passaria de Uber, porque teriam cerveja de graça e ele pretendia beber.

Duas vezes vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora