Cap. 13 - Fica comigo ou me solta de uma vez

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"Ou a gente se assume  ou 

acaba morrendo de tanto ciúmes..."


A relação entre os dois começou a ganhar estabilidade e intimidade, num acordo silencioso eles começaram a realmente se conhecer e aprofundar os vínculos, porque nem tudo numa relação se resume à atração física no final das contas.

Descobriram que apesar de virem de lugares e situações de vida muito diferentes, tinham muitos pontos em comum, o maior deles sendo o amor incondicional pela arte e pelo ofício tão difícil e desafiador de ser um artista no Brasil.

Passavam o tempo todo juntos, a rotina de gravação era intensa demais e os deixava exaustos.

Amaury tinha começado a rodar com a peça nos finais de semana, principalmente aos domingos (que era o seu dia de folga da novela), participando de alguns festivais de teatro, portanto, eles não estavam conseguindo conciliar agendas fora do horário de trabalho, por essa razão passavam todo o tempo livre no Projac ou nas externas grudados um no outro, não saiam de perto do outro.

Tinham opção de se separar em algumas pausas e de interagir com outras pessoas, mas era fato, que faziam cada vez menos.

Era comum os dois ficarem sempre no camarim, simplesmente conversando e quando viam brecha se pegando, porque afinal estavam cada vez mais afinados nesse quesito também, o que acabava ficando muito evidente na química que explodia na câmera quando filmavam cenas de maior intimidade física entre os personagens.

Se comunicam apenas com os olhos e aquilo era forte e intenso demais, viviam com o coração disparado e isso só acalmava quando o outro estava perto.

Diego normalmente já tinha o instinto natural de sentar ao lado de Amaury e simplesmente deitar a cabeça em seu ombro, era seu ponto de equilíbrio na terra, quando não tinha gravações com ele, ficava um pouco mal humorado de não poder vê-lo, detestava receber o roteiro e não ver nenhuma cena com ele, Thati já sabia quando o amigo ficava chateado por esse motivo, porque ele olhava pro roteiro e reclamava batendo o pé que nem uma criança quando tem seu pedido negado, ela o zoava sempre por isso.

A equipe da novela notava a proximidade entre os atores, o elenco aprovava em silêncio, alguns mais próximos faziam algumas piadas, mas tudo de maneira muito leve de modo a não constranger, o clima era muito amigável e facilitava o desenvolvimento natural daquela relação.

Naquele dia de gravação, em uma dessas cenas, no quarto de Kelvin, em que ele e Ramiro ficavam a um centímetro da boca um do outro, mas não beijavam, quando o diretor Herzog gritou: Corta, eles continuaram agarrados e se olhando nos olhos, era torturante demais ter as bocas tão próximas, sentirem a respiração e o corpo um do outro e não poderem finalizar aquilo como se deve.

Amaury não aguentou e rompeu o restinho de distância que o separava daqueles lábios cheios e rosados e beijou-o, Diego arregalou os olhos, surpreso, mas pressionou os lábios de volta nos dele e fechou os olhos com força em seguida, as sobrancelhas tremendo, algo que sempre o denunciava, suas sobrancelhas pareciam dançar, entregavam sempre o quanto ele queria alguém, enquanto pressionavam as bocas, suspiraram de alívio e se enrolaram ainda mais um no outro.

A equipe fingiu não ver e deixaram o estúdio em silêncio.

Quando Amaury afastou o rosto o suficiente apenas para olhá-lo no fundo dos olhos, ele sussurrou:

— Desculpa, eu perdi o controle. A equipe...

— Hey... Tá tudo bem! — a pupila de Diego estava tão dilatada que seus olhos estavam quase pretos, havia apenas um anel cor de mel em volta daquele círculo preto brilhante que eram seus olhos. — Agora vamos acalmar os ânimos que temos que sair pra externa em alguns minutos.

Duas vezes vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora