Duas vezes você

Cap. 39 - Sem Ar

Aviso de gatilho: Crise de ansiedade, crise de pânico.

_________________________________________________

Eu quero me esconder debaixo dessa sua saia pra fugir do mundo

Pretendo também me embrenhar no emaranhado desses seus cabelos

Preciso transfundir teu sangue pro meu coração que é tão vagabundo

Me deixe te trazer num dengo pra num cafuné fazer os meus apelos

Me deixe te trazer num dengo pra num cafuné fazer os meus apelos

Eu quero ser exorcizado pela água benta desse olhar infindo

Que bom é ser fotografado mas pelas retinas desses olhos lindos

Me deixe hipnotizado pra acabar de vez com essa disritmia.

__________________________________________

E o que era um dia de glória, transformou-se em tragédia.

Quando a exibição do programa gravado foi ao ar no Domingo, Amaury sofreu uma série de ataques na internet, havia uma expectativa por parte de alguns "fãs" de Clara Moneke de que a atriz levasse o prêmio e quando isso não aconteceu se voltaram com todas as armas para Amaury, atacando-o com muito hate na internet.

Amaury sofreu ameaças de morte, até questionamentos sobre o fato dele se afirmar como um homem preto que ele é, comentários maldosos e preconceituosos de toda parte.

Diego achou estranho quando ele não o respondeu na segunda à tarde e correu pro apartamento dele, agindo pelo impulso natural de protegê-lo.

Ele bateu na porta e não tendo resposta, entrou.

Amaury estava sentado no sofá, o apartamento em completo silêncio, o celular entre as mãos, uma expressão triste e indignada no rosto.

Diego sentou ao seu lado e tirou o celular das mãos dele, desligando o aparelho e colocando-o sobre a mesa de centro.

Parou na frente dele e esperou.

Amaury ergueu os olhos avermelhados que denunciavam que tinha chorado há pouco tempo, aquilo foi uma facada no coração de Diego.

Ele segurou o rosto entre suas mãos, deslizando a ponta dos dedos em carinhos circulares na barba farta.

— Meu grande amor, não deixa nada te afetar depois do momento lindo que você viveu ontem, eu sei o quão fácil é dizer o que eu tô falando agora, e o quão difícil é não se afetar, mas não deixa não, o momento é seu, hoje temos mais um momento importantíssimo e LINDO para acontecer, foca nisso! (deu um leve selinho em seu lábios, arrancando um leve esboço de sorriso) Foca no que você tem conquistado com o maior merecimento do mundo... (ele apoiou um joelho no sofá e o abraçou sentando-se em seu colo de frente, sentiu imediatamente as mãos grandes o abraçando pela cintura, colando seus abdomens, olhando diretamente nos olhos que agora escorriam lágrimas que sumiam pela barba, falou com firmeza, sem hesitação) Eu te amo!

— Eu também te amo, vida! — Amaury abraçou-o, enfiando o rosto em seu pescoço, enrolando-se nele, cravando as unhas na base da coluna de Diego.

Amaury puxava a força de Diego e o menor permitia que sugasse dele o que precisasse, afinal aquele coração que batia em seu peito, lhe pertencia e batia por ele também.

— Falei com a equipe de advogados, agora vai ser na base do processo.

— Processa eles, amor. Infelizmente quando envolve ameaça de vida, a coisa já fica fora de controle demais. Mas, por favor, tenta se conter nas redes sociais, fica um pouco quietinho, deixa o jurídico cuidar disso, promete que vai tentar?