Cap. 24 - Ciúme

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"Sobre toda estrada, sobre toda sala
Paira, monstruosa, a sombra do ciúme..."

(Ciúme - Maria Bethânia)


Dia 17 de agosto de 2023

Era um sábado. Eles tinham gravado o dia inteiro.

Diego tinha show na casa noturna Soho no Rio de Janeiro naquela noite, e se despediu de Amaury de longe, deu um aceno e jogou um beijinho, algo comum entre eles, Diego sempre jogava beijos pra ele quando estavam distantes, já era hábito, eles não percebiam, mas a equipe sim e todo mundo achava o ápice da fofura, ele ia entrar em gravação no estúdio, porque ainda teria mais cenas com o núcleo de Tony Ramos e algumas noturnas.

Estava feliz porque ele tinha dito que iria, inclusive tinha comentado no seu post recente do instagram de divulgação que estaria presente, gerando uma comoção absurda entre os fãs.

Positivamente muita gente tinha comprado aquele ingresso na esperança de ver os dois no mesmo lugar, aquilo assustava Diego um pouco, ainda não conseguiam dimensionar a força e o alcance do casal, mas agora começavam aos poucos a tomar consciência do barulho que estavam fazendo.

Quando saia para o estacionamento, Maicon Rodrigues fez um aceno pra ele, falando se ele queria carona, Diego apenas sorriu, e percebeu tarde demais, que Maicon não estava de carro, na verdade ele pegaria carona com um outro membro da equipe.

Sim, leitores, me desculpem, ele mesmo.

De longe, Amaury vinha andando com uma necessaire na mão, sua cena com Tony tinha sido gravado num take só e ele ao voltar para o camarim notou que Diego tinha esquecido o objeto e resolveu sair atrás pra ver se o achava na portaria, porque normalmente o uber demorava a chegar, nesse momento ele parou e olhou a cena se desenrolando e bufou, erguendo a calça como Ramiro faria, sem se dar conta disso.

Maicon entrou na porta de trás do carro do indivíduo e Diego no banco do passageiro.

O corpo de Amaury arrepiou-se como um gato embravecido, viu um estagiário da produção passando e foi até ele, entregando o objeto e pedindo para guardar.

Voltou para o estúdio cuspindo marimbondos e pisando duro, ele não ficava mais do que duas semanas sem interagir com o cara, ele já estava de saco cheíssimo da situação, chega disso, ele falava pra si mesmo, tudo tinha limite e o dela tinha estourado a cota de tolerância máxima.

Saiu da Globo por volta das 22hs da noite e foi direto pra casa.

Tomou um banho, colocou Bethânia para tocar e deitou no sofá apenas vestido com sua cueca preta box, fazia um calor absurdo naquela noite.

No escuro, ele encarava um ponto fixo no teto, estava sendo birrento em não ir?

Estava.

Mas, tinha lá a sua razão, ou melhor, seu motivo, era ciúme, sim, mas já não aguentava mais ficar em dúvida sobre o que ele sentia de fato por ele, não dava pra evoluir nenhuma relação se ele não pudesse confiar cem por cento na pessoa com quem estava, se não estivessem nos mesmos termos.

Fato que não pregaria o olho naquela noite, mas tinha desligado o celular pra evitar cair na tentação de ver o que estava acontecendo naquele show.

O medo de perder alguém que ele de fato nunca tinha tido o assustava de morte.

O sentimento era absurdo e ele suava frio pensando em uma vida sem que Diego não estivesse mais presente nela.

Diego olhava para o lados enquanto aguardava para entrar no palco, a casa estava abarrotada de gente, Larissa ao seu lado, puxou-o para o canto e falou em seu ouvido, por causa do barulho da casa noturna:

Duas vezes vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora