Cap. 21 - Mergulho em águas profundas

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How to be brave?
How can I love when I'm afraid to fall?

(A Thousand Years - Christina Perri)

O mês de agosto é normalmente conhecido como um mês que demora a passar, os antigos costumam dizer "Agosto de Deus", porque é segundo a crença popular um mês difícil, com muitas provações, supersticiosidade ou não, aquele mês não foi nada fácil para os nossos protagonistas, e diferente de outros meses ele estará presente em três capítulos dessa narrativa, veja que mesmo a escritora encontrou dificuldades de sair do lapso temporal agostiniano.

Diego tinha passado aquela primeira semana se sentindo estranho, tinham gravado as cenas de sonho em que Ramiro se casava na igreja com Kelvin vestido de noiva.

Foi muito engraçado todo o processo de gravação, mas teve um momento que ainda deixava Diego sem dormir à noite, um momento que estava gravado em vídeo e que ele vivia reassistindo, gerando insônia.

Naquela manhã quando viu Amaury entrando de terno cinza, tão lindo quanto uma obra renascentista, ele estava terminando o delineado, e o viu chegando na sala de caracterização pelo espelho, como sempre sorrindo e cumprimentando a todos, o que lhe deu tempo de fechar a boca, ele ficou parado com o delineador branco no ar, a mão começou a tremelicar, Thati estava na cadeira ao lado, e como uma boa amiga lhe deu um leve toque no ombro, e sorriu pra ele, transmitindo força com olhar e despertando-o do transe.

Diego voltou a trabalhar nos olhos, mas sempre vendo-o pelo reflexo do espelho.

Ele chegou encarando-o pelo espelho e lhe deu um beijo no topo da cabeça.

— Que coisa linda! — falou, sinceramente.

Diego virou e o olhou dos pés à cabeça, falando para as pessoas ao redor.

— Gente, olha o meu noivo! — todos ao redor, sorriram amistosos.

Quando voltou a encarar Amaury no espelho se deu conta do que tinha dito, aquilo batia num lugar diferente para o outro, dava pra ver no olho dele que o que eles tinham estava longe de ser resolvido, se amavam e não dava pra ficar mais negando.

Amor de verdade, grita alto, mesmo quando silencia.

Diego pegou na mão dele, com uma expressão de arrependimento, Amaury sorriu balançando a cabeça, fazendo um gesto de "deixa pra lá".

—  Cara... Olha, meu vestido ali! — Diego apontou pra um cabide num canto, em tom entusiasmado.

Amaury, riu.

— Isso vai ser hilário. Tenho que ir. Até daqui a pouco.

Quando ele saiu, Diego bufou, porque o olho lacrimejou e borrou o lápis na linha d'água dos olhos.

— Que é tá pegando entre vocês, afinal? — Thati perguntou num tom baixo, juntando a cadeira a dele.

— Olha, amiga, quando eu descobrir eu te conto. — falou, sinceramente, enquanto passava um cotonete embebido em demaquilante, tirando o borrado com uma aplicação cirúrgica. — Eu ando tão perdido com ele.

— E ele com você, tão naquele clima estranho de quem quer se pegar, mas não se pega.

— Sim! — Diego deitou a cabeça no ombro dela e fechou os olhos — Só o que eu queria era pegar, amiga.

— Então, pega, porra! Esse homem tá tão na sua que ninguém mais tem dúvida.

— Não é tão fácil como pode parecer, Thati.

— Eu acho que vocês estão perdendo tempo evitando o que não dá mais pra ser evitado. Vocês se gostam pra caralho, é óbvio. Mas, eu sei, que essa é visão de quem tá de fora da situação, não vou julgar, falei merda, desculpa, amigo.

Duas vezes vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora